ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA
DEBATER O PLANO DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO URBANO AMBIENTAL DE PORTO ALEGRE –
TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM
1º-9-2007.
Ao primeiro dia do mês de setembro do ano de dois
mil e sete, reuniu-se, no Centro de Saúde Vila dos Comerciários, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às dez horas e trinta e cinco minutos, a Vereadora
Neuza Canabarro assumiu a presidência e declarou abertos os trabalhos,
informando que a presente Audiência Pública seria destinada a discutir a
importância do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental – PDDUA – para
a Cidade de Porto Alegre, nos termos do Edital publicado no Jornal do Comércio,
no dia vinte de julho do corrente. Durante os trabalhos, estiveram presentes a
Vereadora Maria Celeste e os Vereadores Adeli Sell, Alceu Brasinha, Carlos Comassetto,
Claudio Sebenelo, Ervino Besson e Guilherme Barbosa. A seguir, a Senhora
Presidenta prestou esclarecimentos acerca das normas a serem observadas durante
os trabalhos da presente Audiência Pública, destacando que esta reunião
abrangeria as comunidades dos Bairros Belém Velho, Cascata, Cristal, Glória,
Medianeira e Santa Tereza, que integram a Região
de Gestão de Planejamento Urbano nº 05 do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre. Também,
informou que, após explanações do Senhor Paulo Guarnieri e da Senhora Maria
Horácia Ribeiro de Ribeiro sobre o PDDUA, seria concedida a palavra às Bancadas
deste Legislativo, para pronunciamentos de forma intercalada com as
manifestações de interessados, sendo de cinco minutos a duração máxima dessas
intervenções. Ainda, a Senhora Presidenta informou que a Assessoria da Câmara
Municipal de Porto Alegre receberia sugestões, acerca do tema, das entidades
interessadas e que o material produzido nesta Audiência Pública seria
encaminhado para Comissão Especial, a ser criada neste Legislativo, com a
participação de doze Vereadores, para discutir o Projeto do PDDUA, após ser encaminhado
pelo Executivo Municipal. Em continuidade, foram iniciados os debates acerca do
Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre. Na ocasião,
a Senhora Presidenta concedeu a palavra ao Senhor Paulo Guarnieri e à Senhora
Maria Horácia Ribeiro de Ribeiro. Ainda, manifestaram-se sobre o tema em debate
na presente Audiência Pública a Vereadora Neuza Canabarro e os Vereadores
Claudio Sebenelo, Carlos Comassetto e Ervino Besson; o Senhor Eduíno de Matos,
representando a Organização Não Governamental Solidariedade; a Senhora Leonor
dos Santos Almeida, representando a Congregação em Defesa das Religiões
Afro-brasileiras do Estado do Rio Grande do Sul; o Senhor Francisco dos Santos,
Vice-Cacique da comunidade indígena Caingangue do Morro do Osso; Mãe Maria de
Oxum; o Senhor Antônio Leite Ruas Neto, do Núcleo Zona Sul; o Senhor Pedro
Dias, Vice-Presidente da União das Associações de Moradores de Porto Alegre –
UAMPA –; o Senhor Marco Antonio da Silva Jardim, da Associação de Mulheres
Nossa Senhora Aparecida. o Senhor Wilson Valério da Rosa Lopes, Vice-Presidente
da UAMPA; a Senhora Heloísa Helena Leão Viñolo; o Senhor Gilson Fernandes
Aquino, da Associação Santa Clara; o Senhor José Cilmar da Silva, da Central de
Movimentos Populares; o Senhor João Felisberto Vargas de Mellos, do Conselho
Popular da Glória; o Senhor Aldo José Jurado da Rocha, da Organização Não
Governamental Amigos do Bairro Glória; e o Senhor Valdir Bohn Gass, da UAMPA.
Às doze horas e cinco minutos, nada mais havendo a tratar, a Senhora Presidenta
declarou encerrados os trabalhos da presente Audiência Pública. Os trabalhos
foram presididos pelas Vereadoras Maria Celeste e Neuza Canabarro e
secretariados pelo Vereador Alceu Brasinha. Do que eu, Alceu Brasinha, 1º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que será assinada por mim
e pela Senhora Presidenta.
A SRA. PRESIDENTA (Neuza Canabarro): Bom-dia senhoras e senhores,
por gentileza eu solicitaria que se acomodassem, que as pessoas que estão
sentadas aqui deste lado passassem para as cadeiras aqui mais à frente, pois
tem lugar. Ver. Claudio Sebenelo, por gentileza, passe para cá. Contamos com a
presença do Ver. Adeli Sell, do Ver. Carlos Comassetto, do Ver. Alceu Brasinha
- por gentileza, Ver. Alceu Brasinha, passe para cá também. Em nome da Ver.ª
Maria Celeste, nossa Presidenta da Câmara Municipal de Porto Alegre, hoje eu
estou coordenando a nossa última Audiência Pública, que é preparativa do
trabalho de revisão do Plano Diretor, que está sendo encaminhado na
segunda-feira pelo Prefeito José Fogaça. Parece incrível que nós estamos
concluindo no sábado e que na segunda-feira o Prefeito vá fazer a entrega da
proposta do Executivo. Por que isso? Porque nós estamos desde 2005 aguardando a
proposta de revisão do Plano Diretor. E essa expectativa, lá na Câmara
Municipal, fez com que os Vereadores, uns mais, outros menos, voltassem os seus
olhos para a Cidade e suas propostas para os próximos 10, 20, 30, 50 anos. E eu
digo isso porque em 2005, nós, alguns Vereadores - eu, a Ver.ª Maristela
Meneghetti, o ex-Vereador Raul Carrion -, na ocasião, fomos a Brasília
participar de um Congresso em que havia uma instrumentalização de Vereadores e
assessores para a revisão do Plano Diretor. Após isso nós tivemos inúmeros
debates, propostas, leituras, e este ano, finalmente, o Executivo fez a sua
parte, porque segundo a legislação cabe ao Executivo elaborar e estabelecer uma
proposta, e ele fez essa proposta, fez audiências públicas. Inédita foi a
proposta da Câmara, de sair para ouvir a população e as entidades. Eu diria que
nesta última reunião nós tivemos em média 17 entidades presentes, em alguns
lugares mais, em outros menos, mas tivemos essas entidades presentes. Como nós
temos nessa parceria a UAMPA, eu chamo a Maria Horácia Ribeiro de Ribeiro para
fazer parte da Mesa e também o Paulo Guarnieri, que é o nosso técnico da
Câmara, que vai fazer a exposição, aquela exposição que fundamenta todos os
passos da nossa metodologia. Eu peço que levantem para serem vistos por todos,
nós não vamos chamar para fazer parte da Mesa, porque em todas as reuniões
vocês têm retornado para junto do público, o Ver. Claudio Sebenelo, do PSDB,
por gentileza, para os aplausos do nosso pessoal (Palmas.); o Ver. Adeli Sell e
o Ver. Carlos Comassetto, do PT, e o Ver. Alceu Brasinha. Agora vamos dar
início dando a palavra ao Sr. Paulo Guarnieri.
Eu queria inicialmente discorrer sobre a história do Plano Diretor.
Claro que Porto Alegre é uma exceção, ela inicia o Plano Diretor antes da média
das grandes cidades do Brasil, mas o movimento de planejamento urbano começa,
bem dizer, na metade do século passado, após o fim da Segunda Grande Guerra e a
consolidação do processo de industrialização no Brasil. Com o conseqüente êxodo
rural, as populações se dirigindo aos grandes centros urbanos em busca das
oportunidades, das luzes da Cidade, acabam se consolidando as grandes
metrópoles brasileiras. Esse crescimento das metrópoles exige o início do
planejamento urbano, coloca na Ordem do Dia o planejamento urbano. O
planejamento urbano, claro, ele é ligado a uma visão, a um conceito de
desenvolvimento. O conceito inicial, o atendimento desse conceito inicial nas
funções de moradias, de produção de serviços, de mobilidade urbana, de preservação
da natureza - claro que, num primeiro momento, pensada apenas do ponto de vista
do saneamento ambiental -, determina investimentos públicos. E Investimentos
públicos pesados em determinadas áreas da Cidade, com valorização conseqüente
dessas áreas aonde ocorre o investimento público. A impossibilidade da
população de baixa renda de pagar esse novo valor gerado por investimentos
públicos, apontados pela execução dos programas incluídos no planejamento
urbano, acaba produzindo a cidade informal. Cidade informal que muitos dos
companheiros e companheiras conhecem como constituída por uma ocupação
irregular e desordenada do solo, com edificações precárias, carência de
infra-estrutura e de serviços públicos. A nova Constituição Federal cria, como
remédio para isso, o que a gente chama de instrumentos para reforma urbana. Os
instrumentos para reforma urbana seriam leis com a capacidade de promover a
inclusão da cidade informal. O Estatuto da Cidade é uma Lei Federal que
regulamenta esses ditos instrumentos da reforma urbana. Chegamos ao momento da
nossa revisão atual, como bem disse a nossa Vereadora, prevista pelo próprio
Plano Diretor, já com acúmulo de uma discussão em conferência municipal, com
acúmulo de audiências públicas, mas que tem também a missão de adequar o
planejamento da Cidade ao Estatuto da Cidade. O Plano Diretor, tirando a Lei
Orgânica do Município, é a lei mais importante que nós temos. Ele planeja o
crescimento ordenado da Cidade, as zonas de uso, a organização do território, a
estruturação da mobilidade. Ele planeja a proteção ambiental, não só definindo
áreas, mas apontando programas e diretrizes. É importante considerar sempre,
companheiros, a visão mais ampla de cada processo. Quer dizer, não vamos nos
deter somente na questão da água, na questão do esgoto, tem também o lixo, que
é muito pouco tratado, mas que também faz parte da questão ambiental: o destino
do lixo, o tratamento, a reciclagem. Vamos olhar as coisas no seu ponto de
vista mais amplo. Também a proteção do patrimônio histórico-cultural. O Plano
Diretor garante direitos, além disso; garante os direitos da moradia, e aí
podemos citar como exemplos as Áreas Especiais de Interesse Social, o Fundo
Municipal de Desenvolvimento, o Banco de Terras. Garante direitos de
saneamento, de transporte. E é importante considerar dentro daquele ponto de
vista de visão ampla, além do tipo de transporte, o individual ou o coletivo,
também examinar o modelo rodoviário - o trem urbano -, o fluvial, as
possibilidades que nós temos. Sempre olhando com uma visão mais ampla de todos
os processos; além do tipo, a forma, a integração, a acessibilidade, a
universalidade. Esse é o nosso grande papel neste processo. E, ainda, o Plano
Diretor, companheiros e companheiras, ele disciplina o uso e a ocupação do solo
da propriedade. E aí nós temos os principais instrumentos da reforma urbana. Só
para citar a função social da propriedade, o usucapião, o solo criado, a
concessão de uso, o urbanizador social – que nós temos em Porto Alegre. O Plano
Diretor de Desenvolvimento Urbano, companheiros e companheiras, não só define
um tipo de desenvolvimento urbano: também indica para que e para quem está
sendo preparado o futuro da Cidade. O Plano Diretor define, entre outras
coisas, os critérios para evitar ocupações em áreas de risco. Define Áreas
Especiais de Proteção Ambiental, de Interesse Cultural, exemplificando Áreas de
Interesse Cultural: prédios históricos, conjuntos de prédios históricos,
estruturas urbanas com características históricas, locais de folclore, espaços
de resistência da etnia negra, da etnia indígena, das etnias imigrantes. O
zoneamento das atividades com o potencial poluidor da água, do ar, do solo,
também é definido no Plano Diretor. As Áreas Especiais de Interesse Social,
hoje somente as públicas, lamentavelmente – ocupadas ou destinadas para
habitação de interesse social. Nas áreas públicas nós temos as figuras do
Direito Real de Uso, o Direito Especial de Uso para Moradia. Antigamente,
quando foi criada a Área Especial de Interesse Social, ela também servia para
ser aplicada nas áreas previstas para usucapião. Só que com o tempo, com uma
emenda, isso foi suprimido da lei. Por isso que o movimento tem que estar
sempre vigilante e acompanhando as votações das leis. A altura e o recuo dos
prédios também são tratados pelo Plano Diretor. O que implica isso? Isso
implica na qualidade de vida, na insolação, no arejamento, na retenção dos
gases, na permeabilidade do solo. Um exemplo que eu posso deixar para que todo
mundo entenda os riscos: o Conduto Forçado Álvaro Chaves-Goethe. Por que o
Município foi forçado a fazer aquele pesado investimento? Porque o planejamento
urbano permitiu o excessivo adensamento na região. E quem participa nessa
elaboração, companheiros? O Executivo, através da Secretária do Planejamento
Municipal e dos seus órgãos de participação popular - o Conselho Municipal de
Desenvolvimento Urbano Ambiental e os Fóruns Regionais de Planejamento. Observa
a participação popular, as conferências, as audiências, por exemplo. Depois vem
a Câmara de Vereadores – os Vereadores. E aí é importante considerar – sempre
gosto de destacar – que a Câmara de Vereadores representa a pluralidade
política da Cidade. O Executivo Municipal representa uma parte: a parte
vencedora em uma determinada eleição. A Câmara Municipal, não. Ela tem esse
conteúdo. Ela representa a pluralidade política da Cidade; tem suas Comissões e
deve garantir a participação popular, em princípio garantida pela Lei Orgânica.
E à sociedade civil organizada cabe participar dos debates, sugerir formas de
participação, defender seus interesses e os daquelas pessoas que representa.
Para concluir, eu quero registrar os conceitos mais importantes. O primeiro, a
Função Social da Propriedade. É o conceito que diz que toda propriedade deve
cumprir uma função social. A terra não pode ficar vazia, desvalorizando com
investimentos públicos, que vão dotando as regiões com água, com luz, com
esgoto, com praças, com escolas, e aquele vazio urbano esperando valorização
enquanto muitas pessoas moram em situações precárias em vilas irregulares. Não,
isso não pode acontecer; o Estatuto da Cidade cria vários instrumentos para que
não aconteça, e um deles é a Função Social da Propriedade. O direito à cidade é
um direito com qualidade e com sustentabilidade, e é um direito de todos. E a
sustentabilidade exige a inversão de prioridades, ou seja, o investimento na
cidade informal. E os recursos devem ser gerados onde? Devem ser gerados
justamente na cidade legal, através da Função Social da Propriedade, com a notificação
dos proprietários dos vazios urbanos, com a cobrança do IPTU progressivo, com
desapropriação com títulos da dívida pública.
Outro instrumento importante que deve ser compreendido é o instrumento
da reforma urbana. O instrumento da reforma urbana é para viabilizar o
desenvolvimento sustentável, é para promover a inclusão social, é para colocar
a cidade informal dentro da cidade legal, e considerando a habitação como mais
do que quatro paredes; considerando também o aceso à água, ao saneamento, à luz,
ao transporte, aos equipamentos urbanos e comunitários, o acesso da população à
cultura e aos bens socialmente produzidos - isso é reforma urbana -, meio
ambiente equilibrado, preservado. E poderia acrescentar: a participação popular
na administração do Planejamento.
Regularização fundiária. A relação com a terra, companheiros, isso é
regularização fundiária, é regularizar a relação com a terra, pública ou
privada – e temos aí o usucapião e a concessão de uso. A aplicação do Plano
Diretor dessas terras também é necessária. Aí entra a necessidade da
urbanização e do Estudo de Viabilidade. Os loteamentos clandestinos ou os
irregulares também fazem parte da regularização fundiária
Para concluir, os instrumentos jurídicos e urbanísticos - eu acho que
isso é o mais importante: são leis que estabelecem conceitos e definem ações
que visam ao desenvolvimento sustentável. Sinteticamente, só citando a questão
da moradia: solo criado. O que é solo criado? São vendas de índices
incorporados pelo incorporador ao preço do imóvel, que é pago pela população
que pode pagar esse preço. Esse dinheiro vai para o Fundo Municipal de
Desenvolvimento. A Função Social da Propriedade é onde o Poder Público
identifica o vazio urbano, notifica o proprietário para ele promover a adequada
utilização. Se ele não o faz, cobra o imposto progressivo do tempo, e esse
dinheiro também vai para o Fundo Municipal de Desenvolvimento. Esse recurso é
para urbanização e saneamento das vilas e para a compra de terras que vão para
o banco de terra.
O último recurso da função social da propriedade, quando não é cumprida
a função social mesmo depois de pago o imposto progressivo, é a desapropriação
com pagamento de títulos da dívida pública, e a terra também vai para o banco
de terra para cumprir a função da habitação social; as Áreas Especiais de
Interesse Social, que resguardam áreas da Cidade somente para habitação de
interesse social, com regras especiais para a ocupação e com tramitação
facilitada; o usucapião e a concessão de uso. Então, está aí, do vazio urbano à
vila organizada, eu descrevi em menos de meio minuto. Esse é o desafio,
companheiras e companheiros. Procurem ali na Lei, está tudo na Lei. Vejam se é
suficiente, se pode ser melhorado, indiquem em que e como. Esta é a importância
do processo: defender posições, aprender, porque conhecimento é poder, e existe
disponibilidade e informação, e influir nos Vereadores: procurem seus eleitos,
seus partidos, manifestem-se. O show da democracia é agora, e quem faz é
cada um e cada uma dos senhores e senhoras. Muito obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Neuza Canabarro): Anunciamos, nem precisaria,
a presença, neste momento, da nossa Presidenta, Ver.ª Maria Celeste. Ela me
dizia: “continua coordenando”. Mas, Vereadora, eu sou extremamente legalista; Vice
assume na ausência do Presidente. Neste caso, é com o maior prazer que nós
passamos a coordenação à senhora.
(A Sra. Presidenta da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver.ª Maria
Celeste, assume a presidência dos trabalhos.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Obrigada, Ver.ª Neuza. Com
muita alegria, muita satisfação, nós estamos, então, cumprindo o roteiro. Esta
é a oitava Audiência Pública, na cidade de Porto Alegre, sobre o Plano Diretor.
Peço escusas pelo meu atraso; eu estava num outro compromisso; não foi pela
festa de ontem à noite, da Câmara, que eu me atrasei. O pessoal pode estar
pensando: ela se atrasou pela festa. Não, eu já estava numa outra atividade, no
inicio da Semana da Pátria na nossa Cidade.
É muito significativo podermos, nesta manhã, estar fazendo o
encerramento do ciclo de vários debates. Eu não pude acompanhar a explanação do
nosso técnico, inicial, mas acompanhei a de todos os outros. Como é importante
e necessário que este espaço, que se conseguiu construir por iniciativa da Mesa
Diretora; um espaço de escuta da comunidade, das entidades, é fundamental para
que nós, na segunda-feira, quando estivermos recebendo das mãos do Prefeito e
do Secretário do Planejamento, o projeto que vai chegar à Casa, elaborado pelo
Executivo local, possamos analisar a peça que nos trazem, mas, sobretudo, levar
em consideração todas as referências, todas as questões apontadas, não apenas
as da Audiência de hoje, que, com certeza, será riquíssima – eu tenho certeza
disso porque acompanhei todas as outras -, mas também todos os depoimentos, as
falas, as reivindicações das entidades, das Organizações Não-Governamentais,
das associações populares, no sentido querer contribuir com este processo e
construir uma cidade melhor, uma cidade cada vez mais participativa, que
resgate a cidadania e que leve em consideração, sim, os aspectos que hoje para
nós são problemáticos, mas que têm que se transformar em solução para que Porto
Alegre consiga de fato se construir numa Cidade de futuro e com qualidade de
vida. Saúdo rapidamente todos os senhores, para passarmos já para as
intervenções.
Passo a palavra para a nossa Presidenta da UAMPA, a Maria Horácia,
parceira nesta atividade desde o início. Aliás, a UAMPA foi a primeira entidade
que foi a uma Tribuna Popular na Câmara Municipal reivindicar um espaço de
escuta em relação a esse tema do Plano Diretor na Cidade de Porto Alegre.
A SRA. MARIA HORÁCIA DE RIBEIRO: Rapidamente, bom-dia a
todos; quero dizer, Guarnieri, que quando a gente ouve o movimento comunitário
falar, a gente fica emocionada, até pela objetividade, pela simplicidade, e
principalmente pela terminologia usada, que é a nossa cara. Tu foste muito
feliz na tua apresentação; tenho certeza de que cada um aqui saiu com o
conhecimento acrescido. E essa iniciativa da Mesa Diretora veio reafirmar essa
nossa confiança na Casa do Povo, como dizemos, na Câmara de Vereadores, onde,
como salientaste, é a pluralidade da nossa sociedade.
Então, essas audiências estão coroadas de sucesso. Temos certeza de que
cumprimos um papel extremamente importante neste momento, e caberá agora aos
Vereadores, se debruçarem sobre essa minuta que virá segunda-feira, na qual
poderemos, sim, apontar e realinhar aquilo que não for do interesse ou que não
vier realmente para somar numa Porto Alegre que nós queremos. Parabéns à Mesa
Diretora mais uma vez; a UAMPA estará sempre à disposição daquela Casa para
toda e qualquer iniciativa que vise ao bem-estar da comunidade. Nós,
pessoalmente, e a diretoria, que está aqui representada pela Mara, do Conselho
Deliberativo, pelo Valério, pelo Pedro, como Vice-Presidente da UAMPA, nós
estaremos sempre dispostos a somar sempre naquilo que for ao encontro dos
interesses das comunidades. Obrigada, Presidenta. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Obrigada, Maria Horácia. Já
temos sete inscrições das entidades, da comunidade, além, obviamente, das
inscrições das Bancadas que irão se pronunciar no dia de hoje.
A primeira inscrição é do Eduíno de Mattos, da ONG Solidariedade.
O SR. EDUÍNO DE MATTOS: Quero dar uma boa-noite à
Ver.ª Maria Celeste, aos Vereadores presentes e a todos os companheiros
presentes neste plenário. Sou Conselheiro do Plano Diretor e represento a ONG
Solidariedade no Plano Diretor. Estou participando dessas Audiências Públicas
por duas razões. Uma, porque me sentiria mal como Conselheiro não contribuindo
com essa importante discussão para a Cidade; outra, é que acompanhei o processo
das Audiências Públicas do Executivo e saí fora, dizendo que eu não iria
participar, que a nossa entidade não considera as Audiências Públicas do
Executivo. Então, passamos a fazer parte das Audiências Públicas da Câmara de
Vereadores, porque acreditamos que a Câmara de Vereadores vai levar em conta as
nossas propostas e a questão social da cidade de Porto Alegre. Então, é por
isso que estou aqui hoje, trazendo mais algumas propostas que já levei em
outras audiências em outra região, e gostaria de ler rapidamente para vocês,
que são 12 propostas. Não vou detalhar nenhuma, mas vou só citar: é o Plano Diretor
de ciclovias; o Plano Diretor de redes subterrâneas; o banco de contrapartida
mitigadora pelos impactos causados à Cidade; o Plano Diretor de estações de
radiobase – eu vou pular um aqui, porque vou ler depois, sobre os projetos
especiais –; implantação de um cartório de notas, um tabelionato na Região
Leste de Porto Alegre; fiscalização localizada Leste-Sul de Porto Alegre,
multidisciplinar; elaboração do Plano Diretor das áreas de preservação do
ambiente natural; criar resolução específica para regular a ocupação das
proximidades dos morros a partir de cotas, declividade, paisagismo,
preservação, risco, etc. Uma questão que estou trazendo aqui que faltou
complementar, mas eu gostaria que complementassem os Vereadores aqui, estou
colocando uma proposta final aqui sobre os bebedouros públicos. Pessoal, em
outras cidades grandes de outros países, é comum haver bebedouros públicos na
rua, com condições para as pessoas beberem água no verão; Porto Alegre não tem,
e não tem sanitário também. A Redenção, os parques, as praças estão virando
sanitários. Aqui se chama banheiro, mas não é banheiro, é sanitário mesmo. As
pessoas estão fazendo cocô nas praças. Eu esqueci de colocar aqui. Algumas são
pontuais, mas é para melhoria da Cidade. Eu gostaria de ler aqui para
vocês sobre os projetos especiais. Esta proposta aqui vai beneficiar
principalmente as comunidades de Porto Alegre(Lê.): “Projetos Especiais.
Alteração no art. 61 dos Projetos Especiais de primeiro nível: serão
direcionados em 1ª Instância para discussão nas comunidades locais atingidas,
através dos Fóruns Regionais de Planejamento”.
Pessoal, nós vamos ter eleições nas Regiões
de Planejamento agora, em outubro; são oito Regiões de Planejamento na Cidade.
Pessoal, por favor, nós temos que fazer um trabalho de eleger conselheiros e
suplentes realmente representativos das Regiões de Planejamento, e não o que
aconteceu na gestão passada em que há dois ou três dom-quixotes, e eu sou um
deles, bancando, não vou dizer aqui, palhaço, mas bancando os palhaços lá, com
minoria de voto, e grande parte dos conselheiros regionais votando com o
Sinduscon. Eu digo Sinduscon, porque é o “cabeça” dos empresários, da
especulação imobiliária em Porto Alegre. Então, não é possível fazermos isso
aí, nós temos que eleger pessoas que tenham responsabilidade, e não
comprometido com um Partido, um Vereador, ou que vai ser candidato ao Conselho
Tutelar. Ele tem que responder pela comunidade que o elegeu. Esse é o direito,
e não ir para lá votar com os empresários ou, às vezes, com o interesse do
Executivo.
Então, peço aqui uma especial atenção para
as eleições de outubro. Vamos eleger pessoas legais, que vão representar as
comunidades lá no Plano Diretor, e não esse tipo de gente que vai lá defender
os seus interesses. Muito obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria
Celeste): A Sra. Leonor dos Santos Almeida, da Congregação em
Defesa das Religiões Afro-brasileiras, está com a palavra.
A SRA. LEONOR DOS SANTOS
ALMEIDA: Cumprimento os componentes da Mesa, todos os
Vereadores e todos os presentes. Meu nome é Leonor, mas sou conhecida,
religiosamente, como Mãe Norinha de Oxalá, fundadora da Congregação em Defesa
das Religiões Afro-brasileiras. Estou aqui para pedir ajuda e creio que este
Plano Diretor vai ajudar a nossa comunidade afro, porque Mãe Maria mora aqui e
está presente na Cruzeiro, na Av. Moab Caldas. Se o Plano Diretor pegá-la,
precisaremos de ajuda para que não a coloquem lá no fim do mundo, já que é uma
Líder comunitária, uma pessoa que ajuda, e, para quem não sabe, uma casa de
religião afro é um verdadeiro quilombo, agrega os seus religiosos, pessoas que,
muitas vezes, não têm o que comer se valem naquela casa. Como acontece na casa
da Mãe Maria também e no meu ilê, ajudamos, espiritualmente, a nossa comunidade
que é tão carente, que sofre com a falta de estrutura básica, com a falta de um
carinho, de uma atenção, falta de muita coisa: da alimentação, da casa, da
educação. Infelizmente, ultimamente, não se vê na televisão um projeto de lei
que seja para a educação principalmente, que faz muita falta. E, se nós não nos
unirmos...Uma entidade não deve ter preconceito com a outra, somos todos
brasileiros, gaúchos, e lutamos pela mesma causa, lutamos pelos excluídos. E a
religião afro, infelizmente é muito excluída, porque existe a intolerância
religiosa. Eu sempre digo que um religioso que não entende a religiosidade do
outro é um ignorante espiritual, ele não sabe manter a sua religiosidade. Eu
tenho que saber respeitar e aceitar a religião do outro, somos todos humanos, e
não somos obrigados a pensar todos iguais.
A nossa religião é milenar, vamos lutar
sempre, já que a maior luta do negro foi pela sua religião, ele preferia morrer
queimado, açoitado, mas não deixava a sua religiosidade. Assim, nós não vamos
deixar. Eu luto, desde 2002, fiz todo aquele movimento, e, graças aos meus bons
orixás, sempre venci.
Agora, nós estamos aqui vendo o que o Plano
Diretor vai fazer com Mãe Maria, já que ela é um patrimônio histórico, é o que
diz ali, cultural. As religiões afro estão em maior número em Porto Alegre, mas
temos pouca atenção. A nossa luta não é fácil, mas mostro para vocês como vale
a pena lutar. Desde 2002, luto pela tradição do bará do mercado, e convido a
todos para o primeiro vídeo que vai ser feito no dia 11 de setembro, às 15h,
patrocinado pela Petrobras Cultural. Vele a pena a gente lutar, porque vamos
vencer sempre, não vale a pena ficar parado dentro de casa.
Também luto pela causa dos índios, porque moro perto deles, dos
caingangues, verdadeiros donos da terra e tão excluídos, tão discriminados. Por
que ele têm que sair? já que ali é o único local? Por que o índio veio para a
Cidade? Porque não tinham mais o que comer onde moravam, estavam cada vez mais
excluídos, ignorados. Então é fácil tocar o pobre. Por quê? Porque eles não têm
educação, não têm cultura, não sabem se defender, não sabem procurar uma lei.
Quem é excluído e tem um pouquinho de capacidade, de estudo, de procurar, vai
saber se defender.
Espero que também esse Plano Diretor ajude os índios, que eles possam
ter...Se não ficarem ali, que dêem boa moradia, local decente, local bom para
eles e que não seja no fim do mundo.
Também lutamos pelos quilombolas; lutei muito pela Família Silva e
conseguimos vencer muito. Os quilombolas já estão bem mais protegidos pela Lei,
graças ao Ver. Comassetto que nos ajudou também na Lei Urbana para os
quilombolas serem incluídos, porque eram uns verdadeiros excluídos, perdendo.
A todos o meu muito obrigado pela atenção, contem sempre com a CDRAD,
Congregação em Defesa das Religiões Afro-brasileiras, e também dos excluídos
nós estamos sempre juntos. Muito obrigada. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Obrigada, Sra. Leonor. Quero
registrar também a presença do Ver. Ervino Besson. A Ver.ª Neuza Canabarro está
com a palavra.
A SRA. NEUZA CANABARRO: Senhoras e senhores, Ver.ª
Maria Celeste, eu considero que nós estamos aqui muito mais para ouvir do que
para falar. Mas considerei que era oportuno eu dar uma palavrinha em relação ao
seguinte: nós ouvimos dos que nos antecederam algumas colocações importantes.
Primeiro, o nosso técnico disse: a Câmara representa pluralidade da população.
Cada um de nós tem atrás de si alguns milhares de votos; então, isso representa
um segmento da sociedade.
Ouvimos, depois, a seguinte colocação: muitos estão votando com os
empresários. Bem, o que nós temos de responsabilidade e de função nessa
análise, Ver. Cláudio Sebenelo, é exatamente isso. Porque, vejam bem, pode não
haver compatibilidade de nós chegarmos a um ponto comum, em que os interesses
das comunidades, das entidades representativas, dos empresários e dos
trabalhadores possam ser atendidos, desde que ninguém radicalize. Então esse
espírito que nós queremos levar para a Câmara.
E eu fico muito feliz com a presença do Ver. Ervino Besson, porque
disse a ele: “Só eu tenho comparecido, só que eu não vou pedir a nenhum outro
que compareça, só a ti”. Não foi? Por quê? Porque tu és o retrato da população,
daqueles mais necessitados, das entidades que estão lutando e tu não podes estar
ausente. Eu fico feliz que hoje ele esteja aqui junto. Ele me disse: “Olha, eu
estive lá na Lomba depois que tu saíste”. Mas é importante nós estarmos juntos.
E eu confesso aqui que nós estamos aprendendo, e se não for nada mais,
pelo menos uma coisa, quando nos debruçarmos no Plano Diretor para sua análise,
nós vamos ter a lembrança: “Olha aqui as religiões afro, as colocações, o que
estão pensando, o que querem”. E isso só é possível com essa imersão na
comunidade. Todo mundo tem agenda, mas como uns podem deixar a sua agenda e vir
até aqui? Porque é o que se chama de prioridade, e a minha prioridade, neste
momento, é ouvir. Eu posso até não fazer parte da Comissão Especial, mas eu me
preparei para poder chegar e fazer um trabalho sério e de responsabilidade.
Agora, cada um de nós tem essa responsabilidade, talvez até isso não dê voto.
Outros dizem: ”Não, estou atendendo a população”. Mas é que nós fomos eleitos
com uma missão: representar a população na Câmara de Vereadores. E, na Câmara
de Vereadores, nós temos a função fiscalizadora e a legislativa, que é de
legislar, que agora se efetivará com o Plano Diretor. Então só quero dizer que
nós temos a responsabilidade de procurar atender a todas demandas com
equilíbrio. Muito obrigada. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Obrigada, Ver.ª Neuza
Canabarro. Informo ao Plenário que ainda restam algumas inscrições para quem
desejar. Também temos disponível um formulário, e a pessoa não querendo falar,
pode encaminhar a proposta por escrito.
O Vice-Cacique Francisco dos Santos, do Morro do Osso, está com a
palavra.
O SR. FRANCISCO DOS SANTOS: Bom-dia a todos, Vereadores,
senhores presentes, eu represento a comunidade indígena caingangues do Morro do
Osso. Fico muito agradecido, pela primeira vez estou participando desse Plano
Diretor. Mas fico também muito satisfeito com isso, de tirar de dentro da gente
aquilo que a gente sente no nosso coração. Primeiramente, quero agradecer a
senhora que falou também da comunidade indígena. Mas isso, na real, é verdade;
nós, da comunidade indígena, comunidade afro, quilombolas, nós sentimos muito
quando começamos a parar e pensar, nós nos sentimos muito humilhados, porque
nós estamos sendo discriminados cada vez mais. A comunidade indígena, a
comunidade afro, estão, cada vez mais, sendo discriminadas. Eu estou no Morro
do Osso, nós estamos ali numa pequena comunidade, bem apertadinhos, e estamos
lutando pelo nosso direito, porque nós éramos a comunidade indígena do nosso
território brasileiro, éramos os donos do Brasil. Quando Pedro Álvares Cabral
chegou aqui neste País, os índios já viviam aqui. Muitos dizem que Pedro
Álvares descobriu o Brasil; mas ele não descobriu, ele invadiu. (Palmas.) Ele
invadiu, tirou toda a riqueza da minha terra, negociou o meu pau-brasil lá para
o espanhol, roubou, tirou todo o meu ouro, tirou toda a minha mata. Então, por
que falam no Plano Diretor do meio ambiente? Nós, índios, preservamos a
natureza, porque nós vivemos dela, nós vivíamos dela; agora não vivemos mais,
por quê? Terminou, a natureza está-se indo. Então a gente preserva, nós sabemos
preservar.
Então, eu também quero trazer uma proposta da comunidade, porque o
Morro do Osso era o maior cemitério indígena que existia aqui em Porto Alegre.
Belém Velho era uma aldeia indígena; Morro Santana era um aldeia indígena, onde
o Cacique Jari comandava todas essas três aldeias que existiam nesse território
de Porto Alegre. Mas nós estamos no Morro do Osso, porque ali é um grande
cemitério, que, quando os índios morriam, Cacique Jari, se morriam no Morro
Santana, trazia para o cemitério do Morro do Osso; se morria um índio ali no
Belém Velho, trazia para o do Morro do Osso, porque era o único cemitério que
havia aqui em Porto Alegre, de índios.
Então por que nós estamos ali? Nós queremos preservar o Morro do Osso,
nós queremos preservar, nós queremos mantê-la conforme era, porque a
Constituição garante o meu direito, a Constituição garante aquilo que eu quero.
Então, a proposta que eu trago, a nossa proposta da Comunidade
Caingangue do Morro do Osso é de que o entorno do Morro do Osso seja de
interesse cultural. Porque nós temos uma cultura, nós queremos mostrar nossa
cultura, também, para os povos brancos, para as escolas, por isso que, hoje em
dia, eu vejo se você, se a comunidade branca não chegar junto conosco, vocês
não vão aprender a nossa cultura. Vocês têm que chegar mais próximos, não é
aquilo que vocês pensam, não é o índio que vai acabar com o mato, não é o índio
que vai acabar com a natureza. Não acabamos, quem acabou foi o Pedro Álvares
Cabral, porque ele roubou todas as nossas riquezas que havia na terra. O Pedro
Álvares Cabral era o maior ladrão, que veio de Portugal, levou todo o meu
pau-brasil, levou todo o meu ouro, tirou tudo de mim, me deixou na Grande Porto
Alegre; não era para eu estar aqui, mas eu estou aqui, porque não há mais mato.
E nós precisamos preservar, porque o clima faz parte da natureza, a nossa
respiração faz parte da natureza, o vento faz parte da natureza, através do
vento que nós vivemos. O nosso pulmão começa a funcionar através do vento,
através do sopro do vento, e quanto nós sopramos, nós também sopramos vento,
mas agora o nosso vento está sendo poluído, o clima está sendo poluído, mas por
quê? Porque não há mais mata! Então, minha gente, vamos preservar, vamos ajudar
a preservar os restinhos dos morros, os restinhos dos matos que existem para os
nossos filhos ainda verem a madeira verdadeira que existe, ainda, nesses
morros. Obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. Claudio Sebenelo está
com a palavra.
O SR. CLAUDIO SEBENELO: Bom-dia a todos, eu queria
falar a respeito de três itens, rapidamente. Outro dia eu fui a uma palestre em
que se falava de um autor italiano chamado Norberto Bobbio, ele já faleceu; há
mais de 100 anos ele foi um Senador vitalício romano, e ele era Professor de
Filosofia e Professor de História, e ele definiu o que é democracia em um livro
chamado O Futuro da Democracia. E nesse livro, ele põe dez itens indicadores da
existência de democracia em um País. O primeiro deles é a inclusão social. Nós
temos tantas exclusões sociais que nós, certamente, ainda estamos muito longe
de vivermos uma democracia. Quando eu falo em exclusão social, eu falo do
Quilombo do Silva; se nós que moramos e somos vizinhos do Quilombo do Silva,
nós tivéssemos votado lá na Câmara e o meu discurso foi um só desde o primeiro
dia em que se abordou a questão. Se tivéssemos tirado da Av. Nilo Peçanha, nós
os teríamos colocado na exclusão social, e nós queremos exatamente o contrário:
que o quilombo fique perto da gente, e, se ficar perto e se desenvolver... E a
questão do desenvolvimento é uma outra idéia que o Plano Diretor vai ter que
abordar, porque, hoje, nós temos 271 mil pessoas desempregadas na cidade de
Porto Alegre. Essa modificação vai ter que contemplar, primeiro, o desemprego,
porque nós não podemos falar em segurança se houver desemprego; 271 mil
pessoas, hoje, na Grande Porto Alegre, estão sem emprego. E não adianta só dar
a comida, o que é corretíssimo: o que é preciso é dar emprego, carteira
assinada, plano de saúde e dignidade para as pessoas.
Por outro lado, o segundo item era a igualdade social; se nós ouvimos,
agora, o Cacique, e ele, de uma forma, na minha opinião, perfeita, com toda a
razão, coloca essas questões em que eles foram alijados daquilo que era também
seu, e, principalmente, seu, porque eram os verdadeiros habitantes
originários... Porque índio quer dizer indo - de dentro, eles estavam
dentro, eles eram endógenos, eles eram nativos, eles eram daqui; e aí veio
gente de fora e tirou deles, e outras culturas foram se aproximando. E hoje nós
temos um País multicultural, mas também nós precisamos, não só da cultura do
índio, mas da presença do índio como um exemplo, também. E não é por nada que
nós temos, como gaúchos, um dos nossos maiores orgulhos se chama Sepé Tiaraju,
que era um índio. Por isso eu acho que essas duas questões, a questão da
exclusão e da igualdade social, são indicadores de democracia. Nós só teremos
democracia no País quando nós tivermos os índios integrados, mas sem
descaracterizar a sua cultura; nós só teremos democracia quando a Mãe Maria não
for ameaçada. E essa questão religiosa é a questão que todos os credos têm que
conviver, não de uma forma discriminada, mas de uma forma unida e conjunta,
assim chamada ecumênica.
Por fim, eu queria falar de onde nós estamos, agora, neste Posto: a
questão da área da Saúde. Eu dei uma entrevista, agora, para a TVCâmara dizendo
o seguinte: o rico é bonito, cheira bem e é alegre e feliz; o pobre é triste,
cheira mal e é sujo e é feio. Todas as coisas ruins que eu falei agora estão
aqui neste prédio: um prédio sujo, feio, e isso é uma questão do Estado. O
Estado condicionou a dar coisas ruins para as pessoas excluídas, e isso nós não
aceitamos. E, se não mudar essa questão, mais uma vez nós vamos perder um
indicador de democracia. Enquanto nós tivermos as questões de desemprego, as
questões raciais, as questões religiosas, as questões dessa área da Saúde, fora
todas as outras, nós vamos ter indicadores de que não há uma plena democracia.
Nós queremos, quando se fala em democracia, que se fale em igualdade, e, no
momento em que nós não formos iguais, nós estaremos, alguns, nos beneficiando e
outros se prejudicando, e isso é inaceitável, no ano de 2007, quando já temos
tecnologia para melhorar a inclusão social, quando já temos tantas outras
coisas avançadas. Só quero dizer para o meu Cacique uma coisa: nós temos uma
coisa monumental, aqui no Rio Grande do Sul, que despolui muito a nossa Cidade,
que é o nosso minuano. Muito obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Com a palavra a Mãe Maria de
Oxum, moradora da Av. Moab Caldas.
A SRA. MÃE MARIA DE OXUM: Bom-dia, saravá de Umbanda e
um agô e motumbá, que Deus nosso Pai, que responde por nós, para responder:
motumbá, axé. Essa palavra é respondendo, para todos nós, Deus lhe abençoe.
Meus queridos irmãos, eu sou a Mãe Maria de Oxum, moro há trinta e poucos anos
aqui, na comunidade, na Av. Moab Caldas nº 105, trabalhando e lutando com a
minha comunidade, a nossa comunidade. Eu trabalho com as nossas crianças;
comecei a trabalhar com as nossas crianças, crianças que hoje já são papais e
mamães. Eu precisava dizer aos senhores, nesta hora eu estou falando e pedindo
a colaboração de não enxergar o meu terreiro para excluir e mandar para outro
lugar. Eu gostaria, porque essa raiz que eu plantei
eu não tenho mais coragem e luta para fazer. Eu estou com 75 anos, eu plantei o
meu Terreiro, os meus Orixás, a minha comunidade, as minhas crianças, e hoje
estou também trabalhando com as pessoas de mais idade, a nossa raiz
afro-brasileira. E por que estou pedindo aos senhores?
Uma vez por mês ou duas vezes por meses, as
mãezinhas e as crianças vão na minha porta, batendo palma no portão e
pedindo:”Mãe Maria a senhora não tem uma comidinha, um ranchinho? Já veio o
rancho, Mãe Maria? Já veio o leite, Mãe Maria?”. E aí? Se não dão para a Mãe
Maria, oferecer as nossas crianças, oferecer a nossa comunidade. Eu não tenho
coragem, não tenho mais condições de procurar, de correr. Eu estou dentro de um
(Ininteligível.) aguardando os senhores, que tenham piedade das nossas
crianças, do nosso povo que passa necessidades. Em muitas horas eu estou dentro
de casa e vem uma mãezinha com três, quatro crianças; eu leio os olhinhos
deles, porque, quando a mãe chega pedindo, eles ficam me olhando. Por quê?
Quando a mãe sai de casa, a porta que ela vai encontrar é a porta da Mãe Maria.
“Vamos lá pedir um leitinho, vamos lá pedir uma comidinha, um feijão o que
tiver”. Eles ficam olhando para mim. Os olhinhos deles chegam a brilhar. Será
que ela vai dar para a mamãe? Será que ela tem? Será que a nossa panela é só
nós, ou dois que precisam com a panela cheia? Ou será que todos precisam, meus
irmãos, para oferecer ao Reino de Oxum, que pede colaboração a todos. E não
esqueçam que a Mãe Maria faz esse trabalho na comunidade há muitos anos. E não
esqueço de dizer e pedir a Deus Pai que ilumine o nosso terreiro e faça a nossa
união, porque tem pessoas que têm a nossa religião como um
bicho-de-sete-cabeças. Não é! No trabalho, eu rezo, eu peço, eu imploro ao
nosso Pai Supremo. Porque se nós não rezar, se nós não pedir, hoje mesmo, este
plano... E vocês projetam, não é? Se nós não rezar, não dar as mãos, não fazer
a união, não vai...Tem que se unir, mas não é só de boca, é de coração. Não é
só olhar para o irmão que tem carro, tem apartamento, que tem dinheiro. Não!
Nós vamos ganhar sabe como, minha filha? É olhar pelas nossas crianças
carentes, pelos nossos velhinhos que andam atirados pela rua. Eu, graças ao meu
pai e à minha mãe, consegui fazer esse teto em que eu moro, e vou passar a
vocês quem também me ajudou. Foi a mãe do Collor. Ela visitou o meu terreiro, e
ele me mandou um caminhão lotado de material. O Jair Soares, um grande amigo,
também, na campanha dele, ele me ajudou. Então, eu quero que todos os
Vereadores, todos aqueles que aqui estão se lembrem do Reino de Oxum, lembrem
de um Reino que estas crianças precisam. E eu também preciso, porque quero
estender as mãos e, muitas vezes, eu não tenho. Que Deus abençoe, muita
proteção, muita prosperidade. Eu quero que o meu terreiro seja seguro nesse
Plano Diretor. Que Oxalá nos abençoe! (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria
Celeste): Com a palavra, o Sr. Antônio Leite Ruas Neto, do
Núcleo Zona Sul.
O SR. ANTÔNIO LEITE RUAS
NETO: Bom-dia a todos; bom-dia, Presidenta Maria Celeste
e demais companheiros que estão aqui, nesta manhã de hoje, nesta discussão tão
importante sobre as sugestões e as propostas da comunidade, dos setores
populares, para este Plano Diretor que está em discussão na nossa Cidade.
Nós fizemos uma crítica muito forte, no
processo conduzido pelo Executivo, que não possibilitou a palavra livre e as
sugestões e as propostas como nesta nova rodada, e parabenizo a Ver.ª Maria
Celeste por esta iniciativa que nós observamos nestas reuniões que sucederam as
Audiências da Secretaria do Planejamento e do Executivo.
Mas, primeiramente, gostaria de me
apresentar: sou Antônio Ruas, biólogo sanitarista e trabalho profissionalmente
na implantação da Saúde Integral aos Povos Indígenas. Nós temos algumas
propostas, eu acredito assim, bem claras de inclusão, e as submeteremos; então,
gostaríamos que a Comissão da Câmara de Vereadores encaminhasse que elas vão no
seguinte sentido: elas vão contra a discussão que o Executivo nos proporcionou,
porque não contempla questões fundamentais para a nossa população. Nós
defendemos, por exemplo, uma preservação muito forte das zonas de interesse
ecológico que existem; quer dizer, das poucas zonas que ainda restam de
preservação ecológica, do nosso antigo ambiente natural que vem sendo
dilapidado, em especial na orla do nosso lago Guaíba, e na Zona Sul. Portanto,
nós queremos a inclusão no Plano Diretor da preservação total da orla do lago
Guaíba, como interesse ecológico; em especial, nós somos contra projetos
faraônicos e empresariais que não atendem minimamente a nenhum interesse da
população, como o Projeto Pontal do Estaleiro, previamente aprovado em alguns
setores do Executivo - lamentavelmente na própria SMAM -, o Pontal do
Estaleiro, onde era o Estaleiro Só, que esta previsto para ser um condomínio de
luxo. Somos contra também a privatização da orla do Guaíba pelo Condomínio
Terra Ville, porque também não atende aos interesses da comunidade, e, além
disso, fere a própria legislação nacional, que manda que essas áreas sejam
preservadas. No geral, a Zona Sul anda muito abandonada e existe também uma
proposta de que seja refeita a questão do zoneamento rural, que serviria para
preservar, e isso foi destruído em gestões anteriores.
Também nos posicionamos totalmente contra o
Projeto dos Portais da Cidade, em especial pela destruição do Largo Zumbi dos
Palmares, verdadeiro reduto e símbolo da luta popular no Estado, além de
homenagear a grande liderança da luta negra neste País, que está ameaçado por
um projeto que quer transformá-lo em um dos Portais da Cidade. Portanto, também
nos aliamos nessa luta e gostaríamos que o Plano Diretor incluísse emendas que
barrassem essa iniciativa.
Defendemos,
principalmente, que o Plano Diretor trabalhe no sentido de um zoneamento
ecológico, indígena e quilombola no seguinte sentido: que transforme –
inclusive com o companheiro falou, o primeiro a se manifestar aqui - essas
áreas de ocupação, de permanência, de moradia indígena e quilombola da Cidade
em Áreas Especiais de Interesse Cultural.
Também nos solidarizamos com a reivindicação da nossa companheira, líder da religião africana, para que as casas de religião sejam preservadas o máximo possível, porque isso também é do nosso grande interesse, temos que nos solidarizar com essa luta da matriz afro-brasileira.
Em
especial, eu gostaria de salientar a importância de Áreas Especiais de
Interesse Cultural de Ocupação Quilombola e Indígena, lembrando que, em Porto
Alegre, nós nos solidarizamos e estamos lutando fortemente junto aos
companheiros indígenas, que, neste momento, ocupam a Lomba do Pinheiro e o
Morro do Osso para que lá permaneçam, tenham condições de subsistência; existe
uma ameaça de proibi-los de utilizar, de forma reciclável, alguns recursos da
natureza - isso é inadmissível! -, como os cipós utilizados para o artesanato. Não
podemos nos conformar com isso, ou seja, então essas áreas têm que ser preservadas e tem que
haver condições de subsistência.
Acompanhamos,
para finalizar, e também lembrando as palavras do Vice-Cacique Francisco, da
Comunidade Caingangue do Morro do Osso, que essa luta vem desde 2004, quando
essa comunidade foi para o Morro do Osso em função de que aquela área,
historicamente é uma área de ocupação indígena - disso não há nenhuma dúvida,
existe inclusive trabalhos de cunho antropológico que provam isso. Portanto, o
pleito é justo. E nós nos solidarizamos, desde aquele momento, inclusive contra
os maus-tratos que aquela comunidade recebeu desde o início, sendo expulsa;
depois voltaram e, inclusive, foi muito maltratada pelo atual Executivo. Nesse
sentido, desmentimos a idéia que é passada de que os moradores são contra; os
moradores são a favor. Os moradores são a favor porque nós observamos que a
presença dos companheiros indígenas ali garante a preservação da área,
inclusive diminuiu a criminalidade naquela região. Outra coisa: diminuiu o
avanço da própria especulação imobiliária ali na área; infelizmente, não
totalmente, porque o avanço de alguns empreendimentos imobiliários e
empresariais é muito forte. Nesse período de três anos – para vocês terem uma
idéia -, alguns condomínios no Jardim do Sol, próximos à Ipanema, foram
concluídos e pegaram parte do morro. Outros condomínios, na própria face do
morro que vai para a Tristeza, cercaram e fizeram pátios particulares no Morro
do Osso. A face que vai para o Loteamento Cavalhada não foi recuperada, o que a
SMAM não reclamou; reclama na presença dos indígenas, inadequadamente, mas não
reclamou, não viu que áreas degradadas do morro não foram recuperadas. Vejam
que existem diferentes medidas na questão.
Também
observamos que na Av. Cel. Marcos, em direção à Ipanema, existem terrenos em
que é feita especulação imobiliária, inclusive naqueles que todos conhecem, ao
lado da AABB, que avançam em direção ao morro. Essas são as verdadeiras ameaças
e por isso que precisamos transformar o Morro do Osso e as outras áreas de que
falei em Áreas Especiais de Interesse Cultural, em parceria com essas
comunidades, que vão, finalmente, garantir a preservação da natureza e os
interesses das camadas populares do Estado, da Cidade e de todos nós. Obrigado.
(Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria
Celeste): Obrigada Antônio. A próxima inscrição é do Sr.
Pedro Dias, Vice-Presidente da UAMPA e Diretor da Conam.
O SR. PEDRO DIAS:
Em primeiro lugar queria dar bom-dia a todos, saudar a Vereadora Maria Celeste,
Presidente da Câmara; a Sra. Maria Horácia, nossa Presidenta da UAMPA; os
Vereadores aqui presentes; todas lideranças comunitárias; e nossos companheiros
aqui da UAMPA, da Conam que estão presentes. Digo que é muito importante ver
este debate na comunidade e que nós, da Conam, nacionalmente, Ver.ª Maria
Celeste, na II Conferência das Cidades, tomamos a decisão de levar
nacionalmente para que o Plano Diretor foi instituído em todo o Brasil. E essa
é uma decisão nacional: de que todas as Cidades com mais de 20 mil habitantes
têm que ter seu Plano Diretor aprovado. Nas cidades que já têm, estão fazendo
as revisões com participação popular, o que é fundamental porque é um avanço da
sociedade. Hoje, no Brasil, mais de 82% da população mora nas cidades, e não
houve planejamento para isso, devido ao modelo econômico que se teve no País,
onde só interessa o lucro, onde meia dúzia de pessoas se julgam os donos da
cidade, acabam fazendo o querem, a seu bel interesse.
Eu queria, também, dizer aqui que, às vezes,
com relação a algumas Secretarias do Meio Ambiente dos Municípios, do Estado e
da União - vimos o que aconteceu ontem no Mato Grosso: o desmatamento total. O
que acontece? Para quem interessa? Alguns órgãos públicos fecham os olhos.
Aqui em Porto Alegre aconteceu, Ver.ª Maria
Celeste, nesta semana chegou essa informação até a mim, eu não consegui ir até
lá, eu não tive condições, mas sei que chegou na Câmara de Vereadores também,
que houve um desmatamento na Rua Corte Real, numa área de preservação que foi
vendida para alguns empresários que acabaram com uma área que era importante
para o meio ambiente.
E eu pergunto: por que os índios não podem
morar no Morro do Osso? Por que eles não podem tirar o cipó de lá? É por que
eles são pobres? É por que eles são excluídos? Como é que a Lei vale para uns e
não vale para outros?
A questão do próprio Plano Diretor, nós
vimos a discussão que houve, quando o Sinduscon tentou manipular as
comunidades, muitos líderes comunitários foram comprados pelo Sinduscon para
estarem lá, por um prato de comida, alguns vales-transportes e mais alguns
recursos. Nós não aceitamos aquela manipulação que houve. Achamos muito bom quando
a UAMPA foi conversar na Câmara de Vereadores, para fazer uma parceria, para
discutir.
Eu me lembro, aqui, gente, em 1987, 1988,
quando nós ocupamos o Ruben Berta, o Jardim Leopoldina, e, hoje, o pessoal mora
lá... Naquela época - eu não sei se tem algum Vereador, aqui, que já era
Vereador naquela época -, tinha o Câmara em Ação, que ia debater nas
comunidades os problemas sociais, todos os problemas. A Câmara foi no Jardim
Leopoldina, no Parque dos Maias; nós temos as fotos daquela época, dos debates
que eram feitos.
Eu vou fazer, aqui, uma proposta: que a
Câmara retome saúde, habitação, segurança.
A filha de um camarada nosso foi
assassinada. Está um caos social. Falou, aqui, um Vereador, da questão do
desemprego, gente. Isso não tem solução, se nós não tivermos distribuição de
renda. Quem viu o Orçamento da União, ontem, quando vão sair treze bilhões para
programas sociais, a gente vê as pessoas criticando. Agora, quando você paga 91
bilhões de juro da dívida, ninguém critica. Quando você bota dinheiro para os
pobres, aí é dinheiro a fundo perdido, porque botar dinheiro nos pobres é fundo
perdido. Quando dá incentivo para os empresários, como deram para a GM, aí é
incentivo fiscal. Aí, pode! Para nós é fundo perdido; para os ricos é
empréstimo, é incentivo fiscal. Vocês sabem que a GM vai ficar 35 anos sem
pagar imposto, aqui em Gravataí? Vocês sabem que a GM ganhou uma área que é
duas vezes o Parque da Redenção e mais 250 milhões? Vocês sabem que a GM é uma
das empresas mais ricas do mundo e vai ficar 35 anos sem pagar imposto?
E nós estamos lutando para que o Fundo
Social de Habitação de Interesse Social, que é a fundo perdido. Isso é um
direito nosso! Eu não aceito dizerem que é Bolsa Família. Quando é Bolsa para
os banqueiros, como é que é gente? Quando os banqueiros recebem dinheiro para
não quebrar, que receberam, em 1994, 22 bilhões, na época do Proer, esse
dinheiro voltou? Não voltou, gente. Então, nós temos que lutar.
Eu queria dizer para o Sr. Vereador que nós,
pobres, ricos, negros ou brancos, não interessa, todos nascem iguais. A
sociedade é que deforma as pessoas pelo interesse econômico. Na realidade, a
sociedade indígena é a verdadeira sociedade socialista. Essa sociedade não
serve de exemplo para nós. Agora, a ganância do homem é que nos leva a essa
diferença social. Quando nós morremos, pode usar o perfume que quiser, botar a
roupa que quiser, todo mundo cheira igual: como cachorro. Muito obrigado.
(Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Quero registrar a presença
do Ver. Guilherme Barbosa, que também está conosco nesta manhã.
O Ver. Carlos Comassetto está com a palavra.
O SR. CARLOS COMASSETTO: Obrigado, Ver.ª Maria
Celeste. Falo aqui hoje em nome do meu Partido, o Partido dos Trabalhadores, em
nome da Ver.ª Maria Celeste, dos colegas Guilherme Barbosa, Adeli Sell - que
aqui estava, também -, Ver.ª Sofia Cavedon, Ver. Aldacir Oliboni, Ver. Marcelo
Danéris, Ver.ª Margarete Moraes e Carlos Todeschini. Quero cumprimentar aqui
todos os senhores e todas as senhoras, que são lutadores comunitários e
populares de muito tempo, e dizer que me sinto triplamente satisfeito por estar
aqui. Esta é a oitava audiência que estamos tendo, tive a oportunidade de estar
nas oito, bem como tive a oportunidade de estar na maioria das audiências que a
UAMPA fez para discutir nas comunidades. Quero dizer o seguinte: hoje, eu
represento também a cidade de Porto Alegre, como Conselheiro Suplente no
Conselho Nacional das Cidades, e trabalhamos toda a política, através do
Ministério das Cidades, para que todos os Municípios pudessem construir os seus
Planos Diretores participativos, e eu vou pegar por esse ponto. Este Plano
Diretor que nós estamos discutindo... Na verdade, nós estamos discutindo aqui
uma revisão dele, uma avaliação, para ver o que deu certo e o que não deu
certo, e o que falta para poder a Cidade continuar avançando. Este Plano, que
nós aprovamos em 1999, e eu também fui um dos primeiros conselheiros eleitos
junto com o Eduíno, representando as comunidades no Conselho do Plano Diretor,
é um bom Plano Diretor; porque ele pensou a Cidade como um todo e pensou
conceitos para a Cidade. Mas no próprio Plano dizia que a cada início de nova
gestão ele teria que sofrer uma revisão, uma avaliação para ver o que estava
dando certo e o que não estava, e, a partir daí fazer a sua adequação. E o
conceito dele é Plano Diretor Participativo, e aí eu quero pegar essa questão:
o que é um Plano Diretor Participativo? O que é fazer um planejamento
participativo? O planejamento participativo é, Felisberto, a integração dos
saberes técnicos com os saberes populares. E, nesta proposta de revisão, os
saberes técnicos que a Secretaria do Planejamento deveria apresentar para a
comunidade não foi feito. E o Plano Diretor também serve para corrigir o que
está errado na cidade e para projetar a cidade para o futuro. Mas se ele é para
fazer um diálogo entre o conhecimento técnico e o conhecimento popular, Mãe
Maria, o que teria que ter vindo aqui a Secretaria do Planejamento discutir com
a região, vamos supor no sistema viário das ruas? A Secretaria deveria
apresentar: aqui vai passar o traçado da rua. Obviamente, que o que as senhoras
trazem, Mãe Norinha, Mãe Maria: olha, a rua vai pegar em cima de uma casa
nossa, casa de cultura, religiosa, que é centenária, aqui, etc. Deveria ser
discutida aqui essa. É óbvio que, nesse momento, teríamos que reestudar o
traçado dessa via, para poder reelaborar a proposta, para que possa ser votado
com esse acordo - isso não foi feito.
Vamos pegar – falando do sistema viário – a questão ambiental, que foi
muito falada aqui e já está construído no nosso Plano o conceito da
qualificação ambiental, já foi colocado aqui pelos que me antecederam o
conceito do ambiente cultural e do ambiente natural. Vou ficar com o ambiente
natural, esse conceito está ali. E o Eduíno briga, há muito tempo, lá dentro do
Conselho do Plano, para quê? Para que todo o potencial existente do ambiente
natural seja reconhecido, seja gravado no mapa da cidade e seja dito o que pode
fazer ali. E aí eu vou citar um exemplo, nós temos lá na Zona Sul para cá: o
Morro da Extrema, o Morro São Pedro, Morro das Quirinas, o Morro do Belém Velho
com toda a região do Rincão. O que fez, neste ano, o Secretário do Meio
Ambiente Beto Moesch? Mandou prender as kombis dos caingangues que estavam
retirando o cipó. Isso aconteceu por não ser feito um trabalho de elaboração de
entender um saber popular; que todos nós sabemos, pelo menos aqueles que
compreendem o ambiente, que o índio, quando vai tirar o cipó, não arranca o
cipó; ele corta aqueles que estão grande e deixa os outros para brotar, e, na
próxima estação, terá cipó de novo - isso se chama manejo sustentável.
Perguntem se esses estudos vieram agora na proposta. Não vieram. Por quê?
Porque o saber técnico que deveria ter sido elaborado não foi elaborado,
discutido e apresentado.
O Plano Diretor atual foi aprovado em 1999, e passou a vigorar em 2000,
antes de uma Lei Federal, que se chama Estatuto das Cidades. O Estatuto das
Cidades, que foi resultado de uma luta de quinze, vinte anos dos movimentos
populares e comunitários, foi aprovado. A partir daí, no primeiro Governo do
Presidente Lula, foi criado um ministério que se chama Ministério das Cidades.
Para quê? Para nós enfrentarmos esse problema da reforma urbana junto com os
Municípios.
Bom, um dos principais problemas que nós temos é a vila irregular. Quem
mora nas vilas irregulares está excluído da vida da cidade. Por quê? E aqui
todos os que são lutadores sabem, quando vão para Orçamento Participativo
querem botar pavimentação, seja lá na Mariante, Heloísa, seja em outras
comunidades. Conquistam, e, quando chega na hora, vem o dito critério técnico:
“não pode, porque é irregular”. Então, o que é que nós temos que fazer? Nós
temos que reconhecer todo esse território e definir como espaço para ser
regularizado. E aí o Estatuto da Cidade está definido. Um dos princípios se
chama concessão do uso do solo para fins de moradia. Todas aquelas áreas
públicas ocupadas podem automaticamente ter o direito garantido, assim como
aqui no Município nós temos incluído o conceito do que é Área Especial de
Interesse Social. Basta nós identificarmos essas comunidades e gravarmos.
Pergunta: esses instrumentos já estão no Plano Diretor; foi feita essa
discussão, para nós vermos onde estão e quais são? Não, não foi. Portanto, esta
é a demanda, neste momento, para nós podermos discutir com a comunidade e
resolver um problema que nós temos do passado, mas também pensar na Cidade para
o futuro. O Ver. Sebenelo disse: “E o desenvolvimento econômico?” O que é que foi
pensado, trazido para o desenvolvimento econômico? Se nós temos na Lomba do
Pinheiro o maior centro de tecnologia da informação e comunicação produzindo chips,
o único na América Latina. A PUC está ali; isso esta atraindo um potencial de
desenvolvimento. Nós vamos preparar isso, vamos discutir, vamos organizar o
território para fazer isso? Precisamos fazer isso, e eu poderia falar muito
mais aqui. Portanto, esta última Audiência Pública que a Câmara está fazendo,
por iniciativa da Mesa Diretora - estão aqui as duas companheiras mulheres,
guerreiras, Ver.ª Neuza e Ver.ª Maria Celeste, junto com o Ver. Brasinha, que
faz parte da Mesa -, o que significa isto? Nós estamos aqui assumindo e botando
em prática o conceito do planejamento participativo, ainda carente, por não ter
os estudos todos que deveria ter, mas estamos fazendo este diálogo. E a próxima
etapa é recebermos o Plano, segunda-feira, na Câmara, montarmos a Comissão, e
darmos continuidade a este diálogo, como foi dito aqui. Mas tem que estar organizado,
as entidades têm que estar presentes, para nós podermos, até o final do ano,
reorganizar esse planejamento, que é o que move a Cidade. Muito obrigado,
senhores e senhoras, e bom trabalho a todos. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Obrigada, Ver. Comassetto. O
Sr. Marco Antonio da Silva Jardim, da Associação de Mulheres Nossa Senhora
Aparecida, está com a palavra. Gostei que é um homem que participa da
Associação de Mulheres.
O SR. MARCO ANTONIO DA SILVA MARTINS: Aproveitando o que a Heloísa
colocou, o grande problema que está acontecendo na luta comunitária é que, há
algum tempo, o pessoal fazia eleição em cima do que pensavam, do que sentiam
aqui. Hoje, infelizmente, a maioria das pessoas que faz política comunitária é
paga. Então, esse é o grande problema que está acontecendo, da nossa grande
desmobilização. Eu concordo com a irmã Maria, concordo com o Ver. Comassetto,
concordo com o Ver. Sebenelo, que falou sobre esse posto. Ele está feio, mas
estava bem pior há três meses. Com uma boa mobilização da comunidade, as
pessoas dormindo aqui e ficando 24 horas aqui dentro, nós conseguimos. Hoje o
Conselho Gestor está tentando reorganizar. É difícil, muito difícil. Entramos
até na questão da saúde. Estamos com o problema dos PSFs. Não faz parte do
Plano Diretor, mas nós, comunidade, estamos lutando. Oitenta e dois postos
foram fechados, a gente não fica nem sabendo como foi feito isso. O Ver.
Brasinha tenta argumentar algumas coisas, mas a gente que está lá, na ponta,
sabe como estão acontecendo as coisas, infelizmente. E posso lhe dizer, que é
do meu partido. Está horrível, horrível mesmo. E não é de agora, concordo com o
que o senhor disse. Exatamente. Estamos assim: depois de cinco anos
participando da luta comunitária, pela primeira vez, nesta quarta-feira, nós
conseguimos fazer uma reunião no Orçamento Participativo sem ter briga, onde
conseguimos encaminhar, onde conseguimos resolver dois problemas: de crianças e
adolescentes e de escolas. Nós estamos contemplando aquilo pelo qual lutamos há
cinco anos, indo todas as quartas-feiras, de 15 em 15 dias. Essa é a principal
questão nossa.
Internamente, como comunidade, nós não conseguimos nem resolver os
nossos problemas. Como é que a gente vai querer informar alguma coisa para os
nossos Vereadores, se cada um vai chegar lá e informar uma coisa diferente?
Está muito complicada a situação. Nós temos aqui dinheiro vindo do Governo
Federal para o saneamento básico, mas vem para a Goethe. No entanto, temos mais
de 32 comunidades só aqui na Região Glória, Cruzeiro, Cristal que precisam de
saneamento básico. Talvez com a metade do dinheiro que está sendo gasto lá, nós
pudéssemos resolver no mínimo metade dos problemas dessas 16 comunidades, dando
o mínimo de condições para as pessoas. Elas poderiam pedir o asfalto, que foi
colocado aqui.
Falaram na
questão dos morros; quando vocês saírem daqui e olharem para o Morro da
Embratel, vão ver que já estão queimando mais um mato. Se vocês, na semana que
vem, passarem aqui, vão ver que têm mais três ou quatro casas ali. Isso está
acontecendo há 42 anos em Porto Alegre. Eu ia caçar passarinho no Morro da
Cavalhada. Hoje eu não posso passar, porque tem condomínio fechado no meio do
Morro. A vertente de água mineral não pode mais ser utilizada, porque tem
detritos. Então, quando o Ver. Sebenelo colocou que a gente tem que arranjar
trabalho, aí eu vou falar com o Ver. Ervino Besson e a Ver.ª Neuza Canabarro: a
primeira pessoa que, para nós, infelizmente nunca foi Presidente, mas faz uma
falta incrível, pois sempre entrou na casa de vocês dizendo que a primeira
coisa que tínhamos que ter é educação, foi o Sr. Brizola. Concordo com o
Vereador, precisamos realmente de emprego e saúde, mas, se não tivermos
educação, a gente não consegue nenhuma dessas. Então estamos com as nossas
escolas acabadas, estamos sem locais para colocar as crianças; agora o Governo
mudou, e vão botar 50, 60 alunos em uma sala de aula; onde os professores não
estão preparados para dar aula para 20 pessoas, vão botar 60. Como é que vamos
poder planejar o futuro, se as nossas crianças não têm educação nenhuma? Isto a
Câmara de Vereadores, quando chegar o Plano, já vai saber: a primeira coisa que
temos que ver é o que está vindo para a nossa educação. Daqui a oito anos, nós
poderemos estar conversando uma coisa diferente se a gente começar a aplicar
agora isso.
Na luta da
Região Glória, temos problemas de reassentamento, temos problema de estrutura
em várias comunidades. Ver. Comassetto, já começaram a chamar os loteamentos,
foi montado um escritório para fazer a regularização, a minha comunidade já foi
chamada para fazer isso, só que tem um grande problema, que aí, sim, os
Vereadores podem ajudar: para agilizar isso, como é feito; para chamar,
conversar, a gente vai lá, chama, aí vai para a Justiça por três, quatro,
cinco, seis, dez anos. Como os Vereadores vão poder nos ajudar para poder
regularizar isso? Isso nós precisamos regularizar o quanto antes. Chamam-nos
para conversar, a gente vai lá, conversa, entrega o documento, e não consegue.
Gostaria
que vocês dessem uma salva de palmas ao Ver. Ervino Besson, que nesta semana conseguiu
aprovar a primeira Semana da Grande Cruzeiro, que vai ser realizada, todos os
anos, na primeira semana de setembro. Isso, para nós, comunidade da Cruzeiro, é
um grande achado. (Palmas.) Muito obrigado.
(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)
O SR. MARCO ANTONIO DA SILVA MARTINS: Sim, foi aprovado por todos os Vereadores, mas
apresentado pelo Ver. Ervino. Todos os Vereadores ficam contemplados com essas
palmas.
A SRA. PRESIDENTA (Maria
Celeste): Obrigada, Marco.
O Sr. Wilson Valério, Vice-Presidente da
UAMPA, está com a palavra.
O SR. WILSON VALÉRIO DA
ROSA LOPES: Bom-dia a todos e a todas, minha saudação aos
Vereadores aqui presentes, Ervino Besson, Carlos Comassetto, Brasinha, a Ver.ª
Neuza Canabarro; Presidenta da Câmara, Maria Celeste; Ver. Guilherme Barbosa. É
importante a presença de todos os Vereadores aqui.
Eu sempre faço uma referência aos 36
Vereadores da Câmara de Vereadores, porque cada um de nós vai ter que entrar no
coração deles agora, porque, a partir da semana que vem, o projeto vai para a
Câmara, e nós precisamos do conjunto de Vereadores de Porto Alegre para ajudar.
Quero fazer também uma saudação especial aos
funcionários da Câmara de Vereadores que acompanharam essas audiências e que
deram o suporte para que a gente pudesse fazer essa atividade com a qualidade
que estamos fazendo aqui e ouvindo os testemunhos e os depoimentos das
comunidades. Tenho dito sempre que este é um momento histórico da Câmara de
Vereadores de Porto Alegre do ponto de vista da integração e da participação
popular efetiva da comunidade, e dentro do espírito que nós ajudamos a
construir – o Ver. Comassetto fez referência aqui -, do Estatuto da Cidade.
Acho que é importante a gente dizer isso neste momento.
Quando começou este debate do Plano Diretor,
nós, da UAMPA, tínhamos claro que essa discussão das alturas era uma falsa
discussão, uma falsa polêmica, porque tratava exatamente de uma área que é
superestruturada na Cidade. Quando dissemos isso lá no início da nossa
conversa, fomos duramente atacados por conta disso, porque, na verdade, lá a
discussão das alturas - tinha 52 metros, 46 metros, 42 metros - era uma
discussão de rico fazendo sombra para rico; é isso que tem que ficar claro.
Quando dissemos isso, ninguém compreendeu, todo o mundo achou que a UAMPA
estava a favor do Sinduscon. Não, estávamos querendo fazer esta discussão que
estamos fazendo aqui com a cidade de Porto Alegre, a discussão viária, de
regularização fundiária, um conjunto de temas que interessam para a cidade de
Porto Alegre. Estávamos somente discutindo... Parece que Porto Alegre era uma
ilha, e essa ilha era a Macrorregião 1, que é a região estruturada, onde, como
eu disse a vocês, é rico fazendo sombra para rico, é a disputa. Aí nós
estávamos entrando nessa, e alguns integrantes do movimento popular inclusive
estavam entrando nessa. O debate dos Portais da Cidade, é importante que a
gente faça esse resgate aqui, a influência dos Portais da Cidade na nossa vida,
na vida quotidiana desta região – os Conselheiros tanto do Planejamento, quanto
do OP sabem que isso terá influência direta na vida das pessoas daqui,
precisamos rediscutir isso. A regularização fundiária, como disse antes, é
importante, é fundamental, o tamanho dos lotes para nós, da UAMPA. E sempre, ao
longo dos anos havia uma justificativa técnica: “Ah, não pode; se aumentar o
tamanho dos lotes, não tem como fazer”. Nós queremos é qualidade de vida para
as pessoas, de verdade. Não adianta amontoar as pessoas num lote de 7,5 metros
por 25 metros, nós queremos qualidade de vida. Como vamos fazer isso? Nós temos
que achar a solução.
Também foi dito aqui, e concordamos: há o
problema da Academia, e alguém falou aqui sobre a educação. O problema da Academia
é de arquitetura. Com todo o respeito aos arquitetos, mas a Academia de
Arquitetura trabalha na lógica do mercado, e nunca na lógica da população. Esse
é um problema que enfrentamos, e a SPM sofre disso há muitos anos, a SPM tem
essa orientação. Não é nesse ou naquele Governo, mas ao longo de muitos anos; é
uma dificuldade imensa fazer com que os projetos avancem. Qualquer projeto, em
Porto Alegre, para ser regularizado, tem uma dificuldade enorme, porque há uma
casta da sociedade que está lá, que domina e têm o domínio sobre a Cidade e que
não deixa que as pessoas avancem e que o movimento inclusive possa regularizar
suas áreas. Esse é um problema que enfrentamos concretamente. Precisamos, no
Plano Diretor, ter um instrumento que ajude a fazer com que sejam agilizados os
processos. Agora, recentemente, por exemplo, todo mundo viu nesta semana: tem
duas notícias importantes que nós precisamos levar em conta agora quando os
Vereadores elaborarem o Plano Diretor. Primeiro, o Programa de Aceleração de
Crescimento, que foi lançado pelo Lula na semana passada, em Porto Alegre. Isso
vai ter influência direta na nossa vida aqui em Porto Alegre. Nós precisamos
saber como é que serão aplicados esses recursos e onde irão ser aplicados. Nós
precisamos acompanhar isso. E a outra coisa, que é mais surpreendente para nós,
a que precisamos estar atentos e essa revisão tem que contemplar, no meu
entendimento, é a história de que a Copa do Mundo vai ser no Brasil e que o
Beira-Rio vai ser o estádio para fazer a Copa do Mundo. Só que isso, minha
gente, isso tem influência na nossa vida, principalmente quem mora nessa
região. Não se surpreendam se amanhã ou depois arrancarem as casas dali para
fazerem uma entrada bonita para o Beira-Rio. É isso que está em jogo aqui! Nós
precisamos discutir, e acho que os Vereadores têm que estar atentos, porque
isso vai influenciar toda essa região da Cidade: “Vamos ajeitar para que a Copa
do Mundo venha para cá, para ser no Olímpico, no Beira-Rio.” Não interessa. O
importante é que isso vai ter influência direta na vida de cada um e cada uma
que está aqui nesta sala e dos que não estão aqui também. Acho importante a
gente ter presente isso.
Para finalizar, eu queria dizer para vocês
que, como o Projeto vai para a Câmara na segunda-feira, nós estamos propondo,
desde o início dessas audiências, a criação de um fórum. Nós precisamos criar
um fórum que seja além dos fóruns de participação. Porque são válidos os fóruns
do planejamento do Plano Diretor, são válidos, são importantes, mas a gente viu
que são insuficientes nesse período. Então, nós queremos criar um fórum da
sociedade civil de Porto Alegre junto com o movimento popular. Tem que ter a
sociedade civil, sim; nós somos democratas e precisamos ouvir, inclusive a
Academia que tem pensamento diferente, mas nós precisamos criar um fórum para
que a gente possa, nesse fórum, apresentar nossas demandas, as nossas
reivindicações e as nossas preocupações como eu falei aqui. O PAC e a Copa do
Mundo em Porto Alegre tem influência direta na vida de todos nós. Muito
obrigado.
A SRA. PRESIDENTA (Maria
Celeste): Obrigada, Valério. Só para informar, Valério, nós
já encaminhamos, como deliberação das audiências públicas, uma Emenda que está
criando, na Comissão Especial de Vereadores, que na segunda-feira o Plenário
estará avaliando a Comissão Especial para o Plano Diretor e essa Comissão, que
será composta por 12 Vereadores também nesse Projeto nós já encaminhamos uma
Emenda solicitando a criação de um Fórum de Entidades que vai fazer um
assessoramento a esta Comissão Especial. Já existe um acordo da Mesa e das
Lideranças de que essa Emenda seja aprovada, inclusive o parecer do relator já
indica isso também. Provavelmente, na segunda-feira, à tarde - nós contamos com
a presença dos senhores, das representações -, no plenário, estaremos fazendo a
votação em comissões conjuntas, e queremos de fato aprovar essa Emenda, porque
essa Emenda foi encaminhada pela Mesa Diretora, mas é uma deliberação das
audiências públicas que temos feito na Cidade. Então, só para informar que já
encaminhamos e esperamos aprová-la, que é uma deliberação dos senhores.
Próximo inscrita é da Sra. Heloísa Helena
Leão Viñolo, moradora do Bairro Belém Velho.
A SRA. HELOÍSA HELENA
LEÃO VIÑOLO: Bom-dia a todos. Nós temos que ver a questão de
regularizar nossas vilas todas, para as nossas comunidades terem dignidade de
vida. Se há área de interesse social, é importante para nós que todas sejam
regularizadas. E nós temos que ver, Pedro Dias que investir no social não é
fundo perdido; é investir no futuro, para termos políticos mais honestos e
cidadãos mais honestos, porque os políticos saem do nosso meio. Então, nós
temos que investir no social, sim, e investir em gente nunca é fundo perdido, é
lucro, porque cada criança que a gente investe a gente está criando um cidadão
decente para a Cidade que vai ter trabalho, porque estaremos tendo oportunidade
e até idéias de gerarmos renda.
E a questão da preservação ambiental é muito
importante, porque não adianta planejarmos a Cidade, e não termos oxigênio e um
rio, não termos água para beber. O mundo vai ficar sem água, e nós estamos
poluindo! E o Socioambiental está muito preocupado em limpar a beira do Guaíba,
o que vai atender aos grandes empreendedores. Só que, dos arroios, a maioria
nasce na Glória, e, lá em cima, ninguém está ajudando no saneamento básico nas
vilas, para não poluir o arroio lá em cima. Não adianta despoluir o arroio do
Salso aqui em baixo, se lá na nascente, onde ele não está poluído, estão
poluindo. Então, nós temos que ver, com recurso federal e com o Município, a
preservação dos arroios na nascente. Não adianta limpar a porta da casa, se não
limparmos dentro, gente! Então temos que preservar os morros, que ajudam a
preservar esses arroios e a qualidade de vida para os filhos e netos de todos
que estão aqui. Então é isso que temos que ver.
E, nas áreas de interesse social e no Plano
Diretor, tem que estar reservada área para escola, área para creche, área para
lazer e posto de saúde, porque senão não adianta termos uma área onde as
pessoas ficam longe de tudo e tudo tem que se concentrar em transporte para ir
ao centro, porque não tem nada perto.
Hoje em dia, a nossa comunidade, a maioria
de Porto Alegre, para tirar segundo grau, só se locomovendo de ônibus, porque,
dentro da comunidade, ninguém tem o segundo grau, ninguém tem um curso
profissionalizante, nada. Deixamos o empresário dos ônibus ganhar dinheiro,
porque nós temos que pegar ônibus, enquanto que nós não nos planejamos quando
fazemos as nossas vilas. Devíamos já deixar área reservada para tudo isso.
Então é muito importante que seja feito, Vereadora, num tiro só, regularizar a
nossas vilas, para garantir que o morro fique preservado. Que morro, quando é
para rico morar, pode. Quando é para pobre, o Beto Moesch vai lá e tira. O Beto
Moesch é Secretário de limpeza de pobre, de praça e de morro, se for pobre. Se
for rico, não. É pena que o Ver. Sebenelo já foi embora, porque pobre não é
triste. Pobre tem que fazer cara de triste para os outros ajudar ele. Porque
pobre, com salário mínimo, consegue sobreviver para fazer festa e ser feliz. É
só fazer uma festa de pobre, e é muito melhor do que uma festa de rico. Então,
pobre não é triste, apesar de pobre. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria
Celeste): Obrigada, Heloísa.
Próximo inscrição da comunidade: o Sr.
Gilson Aquino, da Associação Santa Clara, Conselheiro do Orçamento também.
O SR. GILSON FERNANDES
AQUINO: Bom-dia a todos e a todas, o pessoal da Mesa, os
Vereadores. Eu queria dizer que eu estou, mais ou menos há uns dois anos, na
luta comunitária. Já tive vontade de desistir, mas, graças aos companheiros da
Glória, que nos levantam o moral, eu não pude fazer isso, mas tem hora que
desanima. Conheço várias pessoas do movimento que vêm brigando há vários anos,
esses companheiros todos que encontramos nos movimentos aí, que é sempre um
prazer estarem nas discussões.
Mas eu queria dizer que a nossa pauta
específica, hoje, é o Plano Diretor. Quero dizer o seguinte: que a cidade de
Porto Alegre é responsabilidade de todos nós. Se nós nos excluirmos desta
discussão, depois, quem vai pagar essa conta somos nós. Então, nós somos
obrigados, como comunidade, como moradores, como Poder Público, Câmara de
Vereadores, nós somos obrigados a fazer esta discussão, para que tenhamos uma
Porto Alegre de qualidade, termos qualidade de vida.
Então, Sr. Presidente, nós temos de
participar, temos de dar a nossa contribuição, para que, no futuro, possamos
ter uma Cidade da qual, realmente, tenhamos orgulho, no sentido de ser uma
Cidade que tenha contribuição para todas as classes, não só para os ricos.
E quero lembrar o seguinte, de uma coisa as
pessoas sabem, que empresário não dá nada de graça para ninguém, nós sabemos
disso. Então, por que, nessas discussões, o pessoal tem de ter o conteúdo para poder
fazer os contrapontos, para não se deixar, de repente, patrolar? Como o Pedro
disse – que já é bem experiente nisso –, nós temos de saber onde é que tem que
bater, onde é que estão os interesses, saber onde é que estão os problemas das
comunidades, saber como cobrar e como reivindicar.
Então, quero fazer uma reflexão da Glória,
que tem perto de 60 mil habitantes. Nós vimos participando. Eu sou Conselheiro,
nós não temos outra forma de arrumar dinheiro. E, nessas participações, nós
vimos emendando cada vez mais demandas. A Glória, com cerca de 60 mil
habitantes, 90% da Glória é morro, e nós não temos local para construirmos uma
creche. Tem gente que compra aqueles engessamentos do acostamento, que
precisam, atualmente, de 600 metros para se construir uma creche. Mas onde?
Então, fica complicado. Então, eu pediria uma atenção especial do pessoal do
Plano Diretor, especialmente a Câmara, para a Região Glória, que o pessoal está
fazendo condomínio fechado lá para a Zona Sul, estão tirando o pessoal. Estão pegando
terrenos da Zona Sul e estão fazendo condomínios fechados lá que não são para
pobre, aquilo lá é para gente que tem poder aquisitivo. É uma zona que até pode
ser meio distante da Cidade, mas é uma zona nobre, bonita, urbana. Todo mundo
está-se atirando para lá, mas os pobres, as pessoas que precisam, não têm.
Então, está ficando complicado isso aí. E quero dizer o seguinte: esse pessoal
que está indo para a Zona Sul, por onde é que está passando? Pela Av. Oscar
Pereira, o que está nos prejudicando, porque está provocando um inchaço de
transporte, de ônibus, de carro. No final da tarde, quem acompanha sabe, e nas
escolas também, estamos vendo isso. E o pessoal não fala em duplicação da Av.
Oscar Pereira, nós não vemos isso! Alguém do Plano Diretor colocou lá que a
prioridade é, de repente...Estão fazendo inchaço lá embaixo da Zona Sul, lá na
Hípica, para aqueles lados da Restinga, e a Oscar Pereira está ficando
achatada, defasada, empilhada. E quem sofre somos nós, que moramos ali no
entorno. Além de morarmos em cima de morros, estamos sendo prejudicados nesta
questão. Então, o Plano Diretor tem – eu não sei quem é que vai poder fazer
isso –, de repente, a possibilidade de fazermos uma base e duplicarmos aquela
avenida. Já que não vamos poder conter o progresso - ninguém pode se opor ao
progresso -, tudo bem, mas vamos dar conforto e qualidade de vida para o
pessoal que mora ali.
Eu quero dizer que o que me preocupa é que a
Glória, todos os anos, tem batalhado por habitação, só que nós não vemos
progresso nisso. Nós vemos condomínios fechados, mas isso não nos contempla.
Quem conhece o pessoal da Glória, o Morro da Polícia, sabe que temos uma área
de risco ali, temos pessoas morando em beira de sanga. E esse pessoal está
esquecido! Já tiveram “n” projetos de fazer um cadastramento, aquele negócio
todo, mas nunca se fez um projeto efetivo de Área de Risco para dentro da
Glória! Então, é uma região muito carente, muito problemática e o Plano Diretor
deveria nos dar uma atenção especial para nós agora! Eu quero lembrar aqui,
quem já foi no Morro da Polícia, aquilo ali é um crime que fizeram com a gente!
Botar antena lá em cima! Por que é que o Beto Moesch não vai tirar as antenas
lá de cima? O Morro da Cruz é tomado! Quem já foi na metade do Morro da Cruz e
olha para baixo, toda a Porto Alegre, pelo amor de Deus, a visão que tem! Nós
poderíamos fazer, de repente, um ponto turístico lá em cima, no Morro da
Polícia. Por que é que deixaram colocar aquelas antenas lá em cima? Pediram
para quem? Então, seria ali um pólo turístico de expressão nacional o Morro da
Polícia, pela visão que tem! E está ali, deixaram. E por que o Sr. Beto Moesch,
que é tão brabo, está tão blindado dentro da SMAM, por que é que ele não vai lá
tirar as antenas? Então, eu moro há cinqüenta anos na Glória, moro de frente
para o Morro da Polícia, e deve-se saber que a gente não está usufruindo um
centavo daquilo ali!
Outra coisa que me preocupa é o município de
Porto Alegre, que tem um Projeto de Habitação de Interesse Social que é bancado
com verba da Caixa Federal. Eles vão subindo: era 460, passou para 518, não sei
até qual número eles vão chegar, e me preocupa que o município de Porto Alegre,
através do DEMHAB, está-se tornando um banco imobiliário, pelo que eu estou
vendo, e não é isso que nós queremos. Nós queremos que o Poder Público trabalhe
para as pessoas que não têm onde cair mortas, como se diz, que, de repente, não
podem pagar uma moradia, não podem pagar um aluguel. Então, esta é uma
preocupação minha. Já tiraram as cooperativas, estão botando o pessoal das
cooperativas para fazer projeto habitacional, que era uma atribuição do Poder
Público, já tiraram para as cooperativas privadas, de baixa renda.
Então, o que nós preocupa, assim, como é que
tu vais pagar. Aí, esse Projeto que está vindo aí, de pagar, por exemplo, essas
casas, no valor de 300 e alguma coisa, 315, 325, mais água, luz e alguma coisa, isso é
Habitação De Interesse Social, isso é para pobre, gente? Eu acho que não.
Então, eu queria dizer que a gente tem que mudar essa situação, repensar. E
participação do pessoal, nossa participação para fiscalizar isso. A Câmara de
Vereadores deve se comprometer com aquele pessoal mais descamisado; não
adianta, de repente, só as comunidades estarem batendo, batendo, batendo.
Então, o pessoal da Câmara de Vereadores tem essa obrigação, a Casa foi criada
para isso, para defender o povo, nós elegemos o pessoal que está lá. É
preocupante, e eu quero dizer o seguinte, gente: ou a gente discute, ou, de
repente, vai pagar um preço muito caro por isso, por omissão. Então, eu prefiro
bater, xingar, cobrar, para, de repente, não dizerem que fui omisso. É isso.
(Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Sr. José Cilmar da Silva,
da Central de Movimentos Populares e Delegado do OP, está com a palavra.
O SR. JOSÉ CILMAR DA SILVA: Bom-dia a todos e todas. Eu
queria dizer, só para complementar, que o Governo Lula não garantiu só a
Goethe. O Programa Socioambiental, do Governo anterior, que esse Governo tentou
implementar e não conseguiu, foram lá pegar contrapartida com o Governo Lula.
Então não é verdade que é só a Goethe. E o Programa Socioambiental é um
programa que vai envolver milhões, e o Lula colocou a contrapartida, quer
dizer... Então, nós temos que rever.
Agora, quero dizer para as duas ialorixás - que eu respeito muito, que
são conhecidas no Rio Grande do Sul - que nós temos que ter cuidado com algumas
pessoas, tipo o Vice-Prefeito, Eliseu Santos, que quer acabar com a questão do
Largo Zumbi dos Palmares - eu também sou negro, sou da religião afro, vocês
sabem disso -, e o Dep. Manoel Maria, que tentou acabar com a religião afro no
Rio Grande do Sul. É só vocês verem de que religião eles são e de que lado eles
estão, porque eles vão lá pedir voto, vocês têm que ter o cuidado de não deixar
as casas de vocês mais votar nessa gente.
E o Beto Moesch a gente sabe: já apanhou dos índios lá no morro, sem
comentários.
(Manifestações fora do microfone. Inaudível.)
O SR. JOSÉ CILMAR DA SILVA: Agora eu vim aqui para
garantir, gente, a inclusão da Central dos Movimentos Populares no Fórum
Municipal de Entidades. Nós somos uma entidade nacional, assim como a Conam e o
Movimento de Luta pela Moradia, e a gente quer garantir a presença dentro desse
fórum, porque é um fórum muito importante, e a gente não pode só eleger os
Vereadores, tem-se que cobrar deles permanentemente, que eles estão lá para
trabalhar para o povo, para a cidade de Porto Alegre.
O Governo Lula está garantindo muitas coisas. A Yeda viajou mais de
trinta vezes até agora lá, pedindo dinheiro para o Lula. Onde o Lula está, ela
está ao lado, até parece raio-X. Nós temos que ter cuidado. Se está vindo
dinheiro para este Estado, se está vindo dinheiro para este Município, está
vindo do Governo Federal, gente!
Então, nós temos que nos ligar à Mãe Maria, à Mãe Norinha, nós temos
que observar esse povo, vocês sabem o que eu estou dizendo. Eles sabem pedir,
mas depois querem acabar com a nossa religião, querem acabar com o Largo do
Zumbi. Então nós temos que ter cuidado. Obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Obrigada, José. O Sr. João
Felisberto Vargas de Mellos, do Conselho Popular da Glória, está com a palavra.
O SR. JOÃO FELISBERTO VARGAS DE MELLOS: Bom-dia a todos, Vereadores
e Vereadoras, que bom que vocês estão aqui na nossa Região, isso tem que ficar
marcado, Vereadoras guerreiras, Vereadores... A nossa Câmara sempre foi plural,
democrática, os Vereadores sempre nos ajudaram naqueles momentos mais
necessários para a democracia desta Cidade.
Só que hoje, infelizmente, o Governo Fogaça... Hoje vai se discutir o
Plano Diretor, mas nós temos que discutir o Governo Fogaça, que criou uma base
de sustentação muito forte para vir acabar com as conquistas do povo desta
Cidade. Porto Alegre teve um tempo em que as pessoas diziam que existiam duas
cidades, a formal, da população que tinha mais poder; e a informal, a nossa,
que morava nas vilas. E nós, através do Orçamento Participativo, mostramos que
não, Porto Alegre é uma só, e nós podemos influir no investir desta Cidade. E conseguimos
muitos benefícios para a nossa população, só que hoje, ao invés de discutir o
Plano Diretor, nós temos que discutir esse Governo que desmontou toda a
estrutura que existia nas Secretarias. Ao invés de discutirmos o Plano Diretor,
nós fomos obrigados a ocupar o PACs, porque eles vieram aqui, fecharam,
esquecendo que tinha pessoas que precisavam de atendimento diário de todas as
formas. Nós ocupamos, fizeram a reforma atendendo as pessoas. Se isso não
bastasse, demitiram os companheiros que trabalham nos PSFs, sabendo que,
através dos PSFs, existem mulheres grávidas de risco, pessoas hipertensas,
diabéticos, mas eles não se importaram com isso, fecharam! Nós fomos à luta, e
o Sr. Secretário, que é um médico, não deu importância para o que a gente estava
dizendo, e continuou da forma que eles quiseram, deteriorando a saúde desta
Cidade. E aí eu digo que nós temos Vereadores democráticos que têm nos ajudado,
mas fazem parte dessa base deste Governo e não nos deram o apoio que nós
precisávamos. Quando nós vemos que a Secretaria do Meio Ambiente não tem
fiscalização, as pessoas estão subindo para o morro, sem ter alguém, pelo
menos, para falar nada, aí nós vemos o Secretário do Meio Ambiente “largar na
mão” com os índios. Isso é deplorável! Por que é que eu digo isso? Os índios
têm os seus costumes, os índios têm a sua educação, os índios nos ensinam a
viver, e essas pessoas não têm o mínimo de decência de ir lá conversar. Isso já
aconteceu com a gente! Com a Prefeitura nós já fomos lá, já conversamos, já discutimos,
mas sem brigar, brigar para quê? Mostrar que o poder está na força? Está errado
isso! E, quando vêm algumas pessoas dizer que tem pouca gente aqui, porque as
pessoas acreditaram naquela conversa fácil do Fogaça, daquela coisa: “Vou
melhorar o que está bom ...”, e não fez nada, tudo o contrário. E o Sr. Eliseu
Santos é surdo, porque o Fogaça disse que ia trabalhar para os humildes, e ele
ouviu errado e “ferra” os humildes. Está “ferrando” a população que precisa de
saúde. Obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): A próxima inscrição é do
Sr. Aldo Rocha, da ONG Amigos do Bairro Glória.
O SR. ALDO JOSÉ JURADO DA ROCHA: Bom-dia aos presentes, meus
cumprimentos à Câmara de Vereadores, na pessoa da Maria Celeste, Presidente da
Câmara; também meus cumprimentos aos Vereadores que estão aqui junto com o
pessoal da comunidade; parabéns também para o pessoal da comunidade, se fazendo
presente num sábado, aqui, numa reunião tão importante. Todas as entidades que
aqui se fizeram presentes falam em inclusão, cidadania, participação, eu acho
tudo isso aí importantíssimo, eu acho que se tem que lutar pelos direitos. A
população de Porto Alegre, quando elege os seus Vereadores, ela elege os seus
representantes, e eu acho que são os Vereadores de Porto Alegre que
representam, realmente, as comunidades, e eles é que deveriam, por serem
pluripartidários, os verdadeiros Orçamentos, aliás, os Orçamentos
Participativos, acho que os Vereadores é que teriam todo esse direito.
Eu quero falar no direito maior desta Cidade. Nós estamos falando de
Plano Diretor, e eu acho que o direito maior é o direito à educação.
Provavelmente, já deve ter, em outros debates, em outros atos públicos, alguma
coisa que se refere às áreas predeterminadas para edificações de escolas, as
convencionais, as técnicas. Essas escolas têm que ser dotadas, além de toda a
estrutura, de áreas de esportes. Essa é a verdadeira inclusão do cidadão. Todo
cidadão que tiver educação, toda criança que tiver educação, essa está inclusa
na sociedade, essa vai buscar os seus caminhos, ela vai buscar liberdade, ela
vai encontrar os seus direitos, ela vai ajudar as suas comunidades. Os demais,
não sou eu que estou dizendo, foi um debatedor anterior aqui que falou, que as
lutas nas comunidades se dão por algum interesse financeiro, são cargos
políticos em disputa. Não sou eu que falei, eu estou só repetindo o que um
debatedor anterior falou, e isso é uma verdade. Eu já fui Delegado do Orçamento
Participativo. Conseguimos mobilizar, na Grande Glória, o maior número de
pessoas em uma reunião do Orçamento Participativo, lá no Glória Tênis Clube,
que não tinha lugar para tanta gente que compareceu. E, no entanto, as nossas
demandas, as nossas solicitações foram relegadas a segundo plano, sob a
alegação de que não havia recursos. Pelo amor de Deus, gente! Estava a área
defronte à Igreja da Glória ali pronta, uma área verde, para ser um centro
comunitário, para ser uma escola, para ser um campo de futebol, para ser uma
praça, para se dar inclusão, mas o que fizeram os demais participantes? “Não,
não, isso não interessa, isso aí vem de algum interesse político, algum
interesse pessoal.” Mas desde quando educação é interesse político, interesse
individual? Desde quando, gente? Educação é base, é tudo! Eu estou no PDT, continuo
no PDT e teria motivo para sair do PDT em função dessa bandeira chamada
educação, foi essa bandeira que me trouxe até aqui! Eu era além das vilas,
vilas eram ali, no campo do Grêmio, vilas eram ali em cima, na Rua Oscar
Pereira, e aí se via Maria da Conceição, eu era além das vilas, e aí se via
Vila Cruzeiro e tudo o mais. E só uma coisa me elevou: educação. E só isso que
eleva o povo! E eu deixo esta mensagem: vamos lutar pelos direitos, vamos lutar
pelo Plano Diretor, vamos! Mas espero que os Vereadores lutem muito mais por
essas áreas predeterminadas, para que nós possamos, realmente, daqui a dez
anos, dizer que esta é uma grande Nação, que esta é uma Nação que tem educação,
gente! Muito obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Obrigada, Sr. Aldo. A última
inscrição é do Sr. Valdir Bonh Gass, pela UAMPA, e logo a seguir ouviremos os
Vereadores, para finalizar.
O SR. VALDIR BONH GASS: Primeiro, eu acho que é
importante, Vereadores, Celeste e todos nós, esta iniciativa. E realmente, se
essa rodada foi muito rica e especial – e foi –, ela mostra como vamos ter que
nos mobilizar mais ainda. Então acho que nesta rodada acabamos despertando
muitas parcerias e mais pessoas, mas o trabalho não pode parar aí. Porque essa
disputa – alguém já falou aqui dos interesses que estão em jogo – é real, é
concreta, e não basta explicitarmos nossos desejos, nossa vontade, que vai
estar resolvido. Os planos de reivindicações, nós da comunidade, já
apresentamos muitos e maravilhosos, mas, como no futebol, meu camarada
Vereador, não basta querer ganhar, precisa ter time para dobrar o adversário.
Nesse jogo realmente tem muito interesse colocado, aqui foram citados alguns.
Esta Cidade, que tem sua riqueza produzida pelos trabalhadores que
moram, na sua grande maioria, nas vilas e nos bairros, tem sua riqueza muito
mal distribuída, e há os que lutam para manter essa distribuição desse jeito. E
teve um período que se disse que o Estado, o Governo não tinha que fazer nada,
que tinha que deixar essa distribuição da riqueza por conta do mercado, e a
gente viu que o buraco entre ricos e pobres ficava cada vez maior. Então o
Estado e os Governos têm um papel importantíssimo para ajudar a diminuir um
pouco essa distância entre ricos e pobres, e o Plano Diretor pode ser um
instrumento que ajuda um pouco nessa redistribuição da riqueza através de
aprofundamento de vários mecanismos que o Estatuto da Cidade já incorporou.
Porto Alegre teve muitas vezes o pioneirismo e ensaio desses instrumentos que
devem ser aprofundados. Acho que esta é a ocasião de a gente aprofundar isso.
Para nós, a população – e aqui não está nem o pessoal do CAR, acho que o
Conselho da Glória, Santa Tereza, Cristal; só vi o Josué aqui, não sei se houve
algum problema na mobilização –, fica o desafio para realmente mobilizarmos
para muito mais gente a entrar nesse jogo e entrar nessa luta. E eu queria só
lembrar que, além da questão de IPTU progressivo, que é uma disputa que vem
sendo feita, que mecanismos judiciais impediram e está sendo retomada, tem a
questão do solo criado. Na Lei do Solo Criado, feita pelo Lauro, tinha um
dispositivo que propunha que toda altura votada em alguma reformulação que
viesse a acontecer fosse incluída no pacote do solo criado, que seria vendido e
passaria a integrar o Fundo Municipal para poder ser aplicado em outras regiões
da Cidade que não estão tão contempladas.
A reformulação do Plano Diretor de 1999 – não sei se eu entendi –
parece que, no mínimo, não deixou claro isso. Então eu acho que nós teríamos
que voltar a brigar para que, além de todas as questões que já foram colocadas
aqui, numa perspectiva de redistribuição da nossa Cidade, de redemocratização
dos recursos da riqueza da Cidade, nós puxássemos esses mecanismos, que toda
altura de índices que eventualmente fosse se votar fosse transformado em Solo
Criado, para que quem vai construir mais alto nessa disputa – quem quer
construir mais alto, construa – , compre esse terreno criado para que ele vá
para o Fundo para poder investir em áreas que precisam mais.
Semana que vem, estará entrando lá o Projeto de reformulação, e aí fica
de fato o desafio de nós mobilizarmos muito mais, porque é muita coisa que nós
precisamos disputar, e aí não diante ter só razão. Em política – falo de boa
política – a gente tem 10% de razão e 90% de forças, senão não resolve. E acho
que a razão nós temos: a necessidade é a nossa razão, a necessidade de morar
com dignidade, viver com dignidade, é nossa razão fundamental. Agora, ela
precisa de força efetiva para se viabilizar na vida. E aí cada um de nós não
pode esperar os Vereadores, achando que, porque estavam nos ouvindo aqui, vai
dar tudo certo. Não, senhores, o interesse do capital especulativo da Cidade
vai estar na Câmara todos os dias lá, tentando pressionar os Vereadores. Se nós
não estivermos lá também disputando cada voto, vai sair um”monstrengo” lá
adiante. Então este é o desafio colocado para todos nós.
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Obrigada, Valdir.
Por ser a última Audiência Pública, vamos abrir também para os
Vereadores que tiverem vontade de falar. Nós tínhamos uma combinação que, nas
audiências, só as Bancadas indicariam os nomes para as falas; mas, como é a
última, eu ofereço a palavra para os Vereadores que não puderam falar.
O Ver. Ervino Besson está com a palavra.
O SR. ERVINO BESSON: Quero cumprimentar a nossa
querida Presidenta, Ver.ª Maria Celeste; Ver. Carlos Comassetto, Ver. Alceu
Brasinha, Ver.ª Neuza Canabarro – cumprimentá-la carinhosamente, e agradeço
pelas suas palavras na intervenção – e cumprimento de uma forma muito especial
a comunidade.
Eu penso que crítica, quando vem para ser construtiva, ajuda, mas,
normalmente, quando é só para criticar e não mostrar caminho, ela prejudica.
Acho importante esta Audiência Pública: foram levantados aqui alguns pontos de
muita importância. Pelo menos duas pessoas – eu cheguei um pouco atrasado,
porque tive um compromisso na Assembléia – falaram da preservação do nosso meio
ambiente, que é importante. Eu nunca me esqueço que, quando eu assisti a uma
palestra do Prefeito Tarso Genro, ele recém-chegado da Itália, disse: “Conheci
duas cidades que me marcaram muito”, e nós temos aqui na nossa região - Ver.
Guilherme, desculpe, o meu abraço - um local que se parece muito com Genova e
Padova, duas cidades que ele visitou na Itália, e que possuem áreas parecidas
com a área de Belém Velho, localizada na Região Sul de Porto Alegre. Então,
essa é uma Região que tem de ser preservada. Quando a Helena falou que nós
ainda temos praticamente algumas vertentes de água mineral - são poucas, mas
ainda têm -, nós temo que trabalhar para preservar essa riqueza que a natureza
colocou em nossas mãos. Isso nós temos que preservar! A única capital que ainda
tem uma área produtiva como nós temos aqui é a capital de Tocantins. Então, nós
temos que preservar isso.
Foi falado, aqui, também, que, talvez, o Brasil vá sediar a Copa do
Mundo em 2014. Minha cara Presidenta, quando alguns artistas foram cantar o
Hino Nacional, na Copa do Mundo, Ver. Brasinha, talvez alguns repórteres até
evitaram colocar o microfone, porque a maioria deles não sabia cantar o Hino
Nacional desta Pátria, essa Bandeira brasileira que nós amamos. E isso é
doloroso.
Na quarta-feira, nós votamos um Projeto defendido por todos os
Vereadores, criando a Semana da Grande Cruzeiro. Esse povo tem que mostrar a
sua realidade, a sua história, a sua luta pela sobrevivência. E lá estavam as
crianças desde às 14h30min. Eles ficaram comportados por mais de três horas. A
Presidenta chamou o Professor, deram uma volta para conhecer a Câmara, e todas
as crianças permaneceram comportadas. Mas o mais importante, no momento em que
o Projeto foi votado, foi a resposta das crianças: elas se levantaram, em
homenagem à Câmara e, por conseqüência, em homenagem à Cidade, e cantaram o
Hino Nacional. Foi emocionante, minha cara Presidenta. Aquelas crianças
cantaram o Hino Nacional. Portanto eu quero deixar a nossa homenagem a vocês, à
Grande Cruzeiro. Eu encerro, dizendo esta frase que o Pedro falou: “Todos somos
mortais, e, na nossa morte, o cheiro de todos será igual”. Um abraço a todos,
foi uma alegria estar aqui com vocês. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Obrigada, Ver. Ervino
Besson. Os Vereadores estão abrindo mão das suas falas, pois já se sentiram
contemplados na discussão. Para finalizar, eu queria agradecer a participação
de cada um, de cada uma nessa manhã fria de sábado; e também gostaria de dizer
que, nas outras sete Audiências que tivemos na Cidade, nós enfrentamos um tempo
de muita intempérie, com muita chuva, com muito frio, Ver.ª Neuza, e, mesmo
assim, nós tivemos uma grande participação. Às vezes, as pessoas acham que a
quantidade é o mais importante. Nós, da Câmara Municipal, entendemos que a
qualidade é o mais importante. E as pessoas que estiveram nas Audiências,
representando, sobretudo, entidades dos mais diversos matizes - Associações,
Movimento Negro, religiões -, tiveram espaço de abertura da Casa, para serem
ouvidos nessa importante questão do Plano Diretor. Agora, nós vamos iniciar um
outro processo na Câmara com a constituição de uma Comissão Especial, que terá
a oportunidade de avaliar esse Relatório que nós estamos produzindo com os
nossos técnicos, que construirá em cima do Projeto que o Governo nos mandou.
Eu também quero informar que, ontem, nós abrimos a Semana do
Aniversário da Câmara. Estamos completando 234 anos de história. Ontem, eu dei
uma lida na história da Câmara, Ver. Ervino Besson, e me chamou a atenção que,
em 1914, a cidade de Porto Alegre, através dos Vereadores da Câmara Municipal
de Porto Alegre, instituiu, no País, o primeiro Projeto de Plano Diretor. Porto
Alegre, naquela época, já era pioneira numa iniciativa de pensar, de projetar a
Cidade para o futuro. Então, nesses 234 anos de história da Câmara, nós nos
sentimos muito orgulhosos e queremos que esse processo inovador da Mesa
Diretora, que saiu da sua Casa e foi ouvir as comunidades, seja, de fato, um
processo pioneiro em outras instituições. Nesta semana, nós recebemos um
Vereador-Relator da Comissão Especial que está avaliando o Plano Diretor na
cidade de Recife, ele achou muito interessante o nosso processo e, por isso,
ele veio nos visitar. Tivemos a participação dele na Audiência do Eixo
Baltazar/Norte, e ele me disse que a nossa Câmara era a única Câmara Municipal,
no Brasil, que está realizando uma atividade dessa natureza. “Nós criamos
Comissões Especiais, nas Câmaras Municipais, mas não saímos para ouvir a
população como vocês estão fazendo.” Então, essa iniciativa da Mesa Diretora,
que teve a compreensão, a parceria, a solidariedade, de fazer e realizar o
trabalho - vocês sabem que é uma Câmara plural, que é uma Câmara que depende de
acordos -, só foi possível graças à Ver.ª Neuza Canabarro, que é a minha
Vice-Presidenta; ao Ver. Brasinha, que é o Secretário da Mesa Diretora; ao Ver.
Aldacir Oliboni, que é Secretário; ao Ver. João Carlos Nedel, que é Secretário;
e também à Ver.ª Maristela Meneghetti, que é a 1ª Vice-Presidenta da Casa. A
posição desses Vereadores, junto às Lideranças da Casa, trazendo essa idéia,
fez com que a gente pudesse estar, aqui, hoje, realizando e finalizando esse
processo. Eu quero fazer um agradecimento muito especial aos funcionários da
Câmara Municipal, que são da mais alta qualidade técnica, especialmente o grupo
de Assessores Técnicos. (Palmas.) Para os senhores terem uma idéia, ninguém
está ganhando jetom, ninguém está ganhando nada mais. Eles são assessores
voluntários, que estão assessorando a Mesa nesse Processo do Plano Diretor.
Então, eu quero fazer um agradecimento muito especial a todos eles que estiveram
conosco, que fizeram a explanação técnica, a introdução do debate
nas comunidades, gente que está lá, que são trabalhadores da Câmara e se
dispuseram a estudar, a pensar e a discutir o Plano Diretor. Para finalizar,
nós estamos com um material de prestação de contas da Câmara, espero que todos
levem, é uma prestação de contas do primeiro semestre dos trabalhos da Mesa
Diretora, e também dizer, informar que, nesta semana, nós estaremos
implementando dentro das comemorações, é uma semana de comemorações na Câmara
Municipal, há várias exposições, projetos, iniciativas, debates, Sessão Solene.
Estamos esperando todos os senhores e as senhoras lá, tem uma programação que
está sendo distribuída, mas, mais importante que isso, estaremos lançando,
nesta semana, o site Transparência. O que é isso? Este Site
Transparência era algo que a Câmara ainda devia, a Assembléia já tinha feito, o
Congresso Nacional já tem algumas questões, e a Câmara Municipal ainda não
havia disponibilizado para a cidade de Porto Alegre. Vocês vão poder acessar na
Internet, na página da Câmara Municipal, todos os gastos, todas as
despesas, todas as receitas não só da Câmara Municipal, mas, também, dos
gabinetes dos Vereadores. Então, esse é um compromisso que esta Mesa assumiu de
muita responsabilidade com a Câmara Municipal, com aquilo que é público. E este
compromisso nós estamos querendo, agora, devolver para a comunidade através da
transparência na prestação de contas que estamos fazendo. Fizemos nos 100 dias
de trabalho, fizemos, agora, neste semestre, fechando o semestre e estamos
disponibilizando para os senhores na página da Internet toda a nossa vida
pública: quanto ganhamos, quais são os nossos assessores, aonde está indo o
dinheiro público da Câmara Municipal. É isso que nós queremos cada vez mais
construir na Cidade, sobretudo uma gestão de transparência e de compromisso com
o cidadão de Porto Alegre. Portanto agradeço a todos a participação, um bom
trabalho e queremos manter o contato através do Fórum de Entidades. Muito
obrigada. (Palmas.)
(Encerra-se a Audiência Pública às 12h05min.)
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